2011 já vai minguando na curva. Estamos quase embarcando no ano que vem. Vê se pode! O tempo passa cada vez mais ligeiro – é o que todos dizemos com um certo peso na voz.
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A fase é de festas, presentes e encontros. A TV, as revistas só mostram sorrisos de orelha a orelha. Parece que a alegria é moeda abundante em todos os bolsos, a tal ponto que o riso virou natural, quase uma obrigação ser feliz. Parece. Mas todos sabemos que não é bem assim. O encerramento do ano convida a balanços e nem sempre é confortável fazê-los. A vida real nunca é perfeita. Ninguém pode ter tudo o que quer, a realidade é sempre menor do que o sonho. Além disso, o encerramento do ano aponta direto para a finitude da vida. Podemos pensar nos natais do passado, nas ilusões que sumiram, nas pessoas que se foram. Aí a gente fica confuso: mas se todo mundo está tão alegre, como é possível sentir esta mordida no peito?
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Penso que o balanço do ano é mais proveitoso, se abre para pensar no futuro. O que já foi, já foi. Toca agora a olhar para a frente.
Mesmo que seja inquietante, vale a pena fazer a pergunta crucial: como é mesmo que eu quero viver?
Acontece que as facilidades modernas escondem lá suas armadilhas. Em geral nos empurram para o mesmo caminho como um rebanho de ovelhas e, às vezes, não é no rebanho que queríamos estar. A gente queria, por exemplo, pensar com a própria cabeça e seguir o próprio nariz, mas não tem muita chance, e pode acabar fazendo como faz todo mundo.
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Alguns pontos para ponderar no balanço do ano:
• Será que haveria necessidades inúteis para jogar meio de lado?
• Seria possível olhar menos para o que falta do que para o que temos?
• Seria possível confiar mais no fluxo da vida? Quero dizer: acalmar a ansiedade, parar de querer fazer o rio correr mais ligeiro?
• Seria possível procurar também a prosperidade emocional junto com a prosperidade que vem com o emprego, a casa e um dinheirinho no banco?