O Brasil de 1905 vivia uma série de fatos novos; novos e positivos: Dumont, avião, café, borracha, Acre, conquistas e fatos que pareciam fazer referência a um país trissecular e não a um que ainda não havia comemorado seu primeiro século.
Para não dizer que tudo era festa neste recanto do “país do futuro” (aguardem que chegaremos nesta fase, em breve), o RS havia perdido, um ano e dois meses antes (outubro de 1903), seu maior representante politico: Júlio Prates de Castilhos, que havia, sozinho, redigido a Constituição do Estado e que viria a falecer, em uma maca utilizada como mesa de cirurgia, instalada na sala de sua residência em Porto Alegre, durante a operação de urgência feita por Protásio Alves, vice-presidente do estado e médico que tentou salvá-lo de um câncer na garganta.
Outros ocupariam o seu lugar, mas Júlio de Castilhos marcaria politicamente o século XIX, no estado.
Nessa época, os fatos já não eram exclusividade da região na qual aconteciam.
Já existiam o telefone (1876), o telégrafo impressor (1878), a cronofotografia (1882), o filme fotográfico (1889), a antena radielétrica (1893), a rádio-comunicação (1896), a gravação magnética de som (1898), quase tudo, enfim, para que também a futura Aldeia Global pudesse comunicar-se entre si.
É preciso destacar: a participação do Brasil no conjunto de todas essas criações, foi quase nula, já que a timidez, o desconhecimento e a falta de meios adequados levaram nosso país a marcar uma ausência não recomendável, mesmo naquela época.
É quase possível afirmar que, a posição de não participação no dia a dia do mundo prejudicou, no mínimo, um gaúcho, padre Roberto Landell de Moura, pioneiro na descoberta do rádio e do telefone sem fio.
Em 1893, quase 3 anos antes da 1ª experiência realizada por Guglielmo Marconi (ITA), Landell de Moura realizava em São Paulo sua primeira transmissão de telegrafia e telefonia sem fio de que se tem notícia, contando apenas com 2 aparelhos distantes, em linha reta, aproximadamente a 8 km, um do outro.
O padre Roberto Landell de Moura era cientista, engenheiro e operário ao mesmo tempo, o que lhe permitia teorizar e construir seus aparelhos.
Bem na época onde nos situamos agora, nesta pagina – 1904 – Dumont começou a planejar a transmissão da imagem, ou seja, a pensar numa espécie de televisão. Como consequência de suas descobertas a Marinha de Guerra do Brasil foi pioneira ao utilizar a radiotelegrafia para os fins de comunicação.
Detalhe: Roberto Landell de Moura, à época, foi até apedrejado “pela acusação de ouvir vozes do além”, teve duas vezes seu equipamento roubado e ganhou o apelido de “Padre Herege”. Fica assim, bem definido o Brasil daquela época.
Sem ainda saber que seria considerado “o pais do futuro”, o Brasil levou 3 anos para entrar na 1ª Guerra Mundial (28.jul.1914 – 11.nov.1918), conflito motivado pelos assassinatos do arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono austro-húngaro e de sua esposa, Sofia.
O assassino, o sérvio Gavrilo Princip, integrava o grupo terrorista Mão Negra, que lutava pela unificação do território Sérvio.
O Brasil foi um dos últimos países a decidir-se por participar da Guerra, forçado pelos ataques sofridos por dois navios nacionais – o Paraná (abril/1917, no canal da Mancha) e o encouraçado Macal (torpedeado por um submarino alemão – outubro/1917).
O Brasil fez parte da Triplice Entente (Império Britânico, França, Império Russo e mais tarde Estados Unidos), que combateu as potências centrais (Império Alemão, Império Austro-Húngaro e Império Turco-Otomano).
O grupo integrado pelo Brasil foi o vencedor.
Os Estados Unidos só entraram no conflito por ter a Rússia confirmado sua saída devido ao fato de estar em andamento a Grande Revolução interna do país.
A preocupação ou medo que pudesse causar uma guerra ou revolução, não foram suficientes para o Rio Grande do Sul afastar-se de conflitos.
Tanto que, na próxima Portal Mix não faltarão conflitos, locais e nacionais, amenizados por uma cantora portuguesa que foi, talvez, a grande intérprete da música brasileira da época. Até a próxima semana.