A caminhada do Brasil para ser um efetivo “país do futuro”, passaria por alguns episódios ao longo das décadas de 20 e 30 do século passado (XX), além dos que já foram abordados nas páginas anteriores.
O mais ousado deles foi a Coluna Prestes, comandada por um porto-alegrense de 26 anos, na realidade um bom militar que mandado para controlar o andamento de obras nos quartéis, segundo ele, deparou com negócios escusos, o que tentou denunciar, mas não foi atendido.
Com a ideia fixa de uma sublevação, Prestes chegou atrasado para ajudar Isidoro Dias Lopes, em São Paulo, onde a revolta foi esmagada pelo auxílio que Borges de Medeiros havia mandado (1.200 homens da Brigada Militar).
A 29 de outubro de 1924, Prestes sublevou o Batalhão Ferroviário em Santo Ângelo, no que foi seguido por Juarez Távora no Batalhão de Uruguaiana e por Siqueira Campos, em São Borja.
A Coluna Prestes percorreu cerca de 25 mil km, passou por 15 estados brasileiros e 3 países e perdeu quase 900 homens nos 53 combates que enfrentou; dos 1500 combatentes que saíram de Santo Ângelo, sobreviveram 620 que tentaram emprego na Bolívia, ao final da Coluna.
Nenhum dos dois objetivos do Movimento foi alcançado: nem desestabilizou o Governo, nem democratizou o País que, na maioria, teve uma recepção contrária – ainda que curiosa e cautelosa – em cada cidade.
Faltava aos brasileiros a ideia e a iniciativa de discutir o país, o que significa dizer: sem diálogo e esclarecimentos não há desenvolvimento e nem futuro.
Pelo qual seja válido viver, é claro.
O que Luís Carlos Prestes não conseguiu com sua Coluna, Getúlio Dornelles Vargas, gaúcho de São Borja alcançou, ainda que pelo uso da ditadura, da qual se valeu ao longo de 15 anos (1930/1945).
Getúlio instalou o Governo Provisório, confirmado por uma Junta Militar (1930) e promulgou a Constituição Brasileira de 1934. Nesta, fez incluir o Voto Feminino, que 76 anos depois possibilitaria eleger uma mulher à Presidenta (Quem vota pode ser votada), determinou o Voto Secreto, que chegaria até a Urna Eletrônica e tornou obrigatório o Voto a partir dos 18 anos; antes, votar era privilégio dos brasileiros com mais de 21 anos.
No seu 1º período como Presidente/Ditador, Getúlio criou o Ministério do Trabalho (e a Carteira do Trabalhador), o da Indústria e Comércio, assegurou o Salário Mínimo, o Plano Nacional de Eletrificação, o Conselho Nacional do Petróleo e a Usina Siderúrgica de Volta Redonda.
Encaminhou a Petrobrás e a Eletrobrás e deixou, ao construir a Vila do IAPI (Porto Alegre), uma ideia do que pensava fazer pela habitação popular.
Deposto em 1945, Getúlio Vargas caiu com a 2ª Guerra Mundial, durante a qual permaneceu indeciso por um bom tempo, pensando sobre quais seriam os parceiros ideais para o Brasil.
Voltou em 1950, agora pelo voto da maioria do país, criou a Petrobrás, mas não resistiu quando pistoleiros contratados por sua guarda pessoal tentaram eliminar um político da oposição – Carlos Lacerda – e acabaram matando o Major Rubens Vaz, da Aeronáutica, que o acompanhava.
Pressionado pelos desmandos que envolviam sua assessoria, Getúlio suicidou-se na noite de 24 de agosto de 1954, com um tiro no peito.
Mas chegar ao futuro havia ficado um pouco mais fácil.
Na próxima semana, como nasceu a frase “o Brasil é o país do futuro”. Até lá.