Como um elogio, tradicionalmente era costume dizer que “atrás de um grande homem, existe sempre uma grande mulher”.
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– Atrás? Ao lado? À frente?
Hoje em dia, temos dúvidas em indicar qual o lugar que melhor cabe para as mulheres. Quanto mais, para uma grande mulher…
E isto ao contrário de ser um problema, representa um avanço brutal. Significa que as mulheres estão liberadas para procurar o lugar que elas querem ocupar, seja ele qual for.
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Aliás, hoje as mulheres sabem que achar um lugar na vida dá trabalho. Até seria mais fácil ficar onde os outros dizem para ficar. Por outro lado, muito da realização que se pode ter vem do movimento que fazemos para encontrar o nosso lugar no mundo.
Aqui cabe reconhecer que a busca pelo lugar é permanente, pois a mudança faz parte da vida. A cessação de movimento, a cessação da mudança sinaliza nada mais, nada menos do que a morte. De modo que ninguém se espanta hoje de ver as mulheres – e os homens também, claro – buscando novos lugares e novos papéis, mesmo na idade da aposentadoria, quando seria hora de “sossegar o pito”.
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A conquista do direito de se instalar no lugar desejado pode ficar comprometida por uma ameaça bem moderna, qual seja, a padronização. Quero dizer, um desafio atual é simplesmente ser o que se é – em vez de ser como todo mundo.
Em outras palavras, achar o lugar da gente no mundo carrega junto o belo desafio de conseguir viver para si – em vez de para o que os outros vão dizer. Implica viver com a espontaneidade das crianças, em vez de viver para se mostrar vivendo (como acontece com a maioria das fotos que circulam nas redes sociais de comunicação, por exemplo. Como pode acontecer igualmente com o carro que se compra, o vestido que se usa, a casa que se adquire).
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Acho que o lugar da mulher… Opa! Acho que o lugar de todas as pessoas é aquele que mais chance dá de viver com serenidade e com alegria.