Uma tendência do mundo atual é a chamada segmentação do consumo. Quer dizer, criam-se produtos direcionados para grupos específicos. Por exemplo, em vez de fazer uma revista para a família toda, há revistas diferentes para homens, para mulheres, para adolescentes, para crianças. Mas não só isso, há também revistas concentradas em assuntos, como jardinagem, culinária, decoração, carros, turismo, etc.
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O assunto me vem à cabeça ao ler uma reportagem sobre o mercado de imóveis que foi publicada por um jornal americano.
Depois de vasta coleta de dados, a indústria da construção civil constatou que as mulheres estão se tornando um segmento muito importante para o setor. Casais ainda constituem a maioria dos clientes, respondendo por 60% das vendas, mas uma queda significativa se registra. Há 12 anos atrás, casais constituíam 70% dos clientes, dez pontos percentuais a mais do que agora, portanto. Outro dado relevante é que 22% das vendas de imóveis no ano passado foram feitas para mulheres solteiras, o que representa um aumento de 14% na comparação com 1995. Os homens solteiros, por sua vez, responderam por 9% do mercado e esta porcentagem tem se mantido estável.
Como resultado, os empresários começam a oferecer unidades adequadas às mulheres. Ou seja, a segmentação do consumo de que falei antes está chegando também ao setor da construção civil.
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Nos Estados Unidos já se sabe que ao comprar imóveis as mulheres focam principalmente dois pontos. Querem segurança e baixo custo de manutenção. Por isso, elas dão preferência para apartamentos em vez de casas e procuram unidades localizadas antes no centro das cidades do que nos subúrbios. Também preferem imóveis de tamanho menor do que o padrão americano. Querem uma habitação prática – principalmente, que seja fácil de cuidar. Outra coisa que encanta o público feminino são as cozinhas, por isso os novos imóveis estão caprichando nos projetos de cozinhas para oferecer um nível de tecnologia e de funcionalidade jamais antes alcançado. Por fim, o cuidado com a iluminação e com as cores da pintura dos prédios são itens igualmente considerados – as mulheres preferem cores suaves.
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Claro que não se chegou ao ponto de fazer apartamentos cor-de-rosa, mas a verdade é que as mulheres estão se tornando um segmento de consumo realmente importante. Elas têm um nível de educação cada vez mais alto e salários, idem. Por isso, a opinião delas começa a ser levada a sério em todos os setores da economia.
Interessante é que, na carona da sociedade de consumo, a almejada igualdade dos sexos vai, enfim, ganhando solidez. Se merecer atenção foi no passado um sonho, hoje acontece com toda facilidade – ao menos em se tratando das mulheres que formam o “segmento” capaz de emitir cheques bancários.