Chegar aos 50 anos é uma experiência fascinante, cheia de nuances surpreendentes. Querem um exemplo?
Lá pelos 20 anos eu imaginava que, depois de viver um século de vida, não teria mais motivos para me preocupar com meus cabelos. O tempo mostrou que errei feio! Às vésperas de completar 52 anos, manter de forma apresentável os ralos pelos que resistem exige um esforço diário. Também são necessários cortes quinzenais.
A convivência com os filhos também sofre transformações constantes. Às vezes a gurizada me acusa de ser uma espécie de “estraga-prazeres”. Eles gastam horas para detalhar, cheios de entusiasmo, seus projetos revolucionários, típicos da fase pré-adulta e/ou pós-adolescência. Quando não me mostro muito animado, dizem que torço contra. Resultado: semanas depois, eles voltam cabisbaixos para contar que o fracasso previsto pelo “velho” se confirmou.
Mas há muitos momentos gratificantes. Na última segunda-feira, por exemplo, fui ao aeroporto buscar minha filha Laura, 18 anos, que no feriadão esteve em São Paulo para assistir ao festival de música LollaPalooza, com mais de 70 mil pessoas em cada uma das duas noites. Enquanto esperava o voo, encontrei mães de amigas e colegas de aula. “Ah… tu é o pai da Laurinha, aquele que sempre dá carona pras nossas filhas?”, perguntou uma delas o que me encheu de orgulho e alegria, apesar da enorme responsabilidade.
Ao menos três vezes por semana faço caminhadas de uma hora para espantar o colesterol, além de minimizar a hipertensão, moléstias também combatidas com o uso de medicamentos. Muitas vezes é um exercício penoso, principalmente nos dias de forte calor. Mas a prática se transformou numa obrigação de saúde. O lado bom é que a rotina de todas as noites aproximou um grupo de pessoas antes estranhas, mas que curtem esta prática saudável. Os bate-papos são inevitáveis, o que melhora o astral e aproxima o grupo.
Um conselheiro experiente e sensível é sempre importante para envelhecer sem sobressaltos
Meio século de vida também nos torna mais céticos, o que pode ter várias interpretações. O risco é nos tornarmos pessimistas, talvez amargos. Ou estarmos sempre prontos à critica sistemática que nada constrói. Mas o ceticismo também nos previne das grandes decepções, aquelas que nos levam à lona, de difícil e demorada recuperação. A experiência também nos previne que esperar demais das pessoas é o caminho mais curto para a amargura, aquela espécie de desilusão diante da vida e em quem tanto apostamos! Quando a expectativa se confirma… viva! Estaremos diante de uma agradável surpresa.
Casar, ter filhos e formar família nos ensina a compartilhar. Administrar o orçamento doméstico é fundamental para eleger necessidades que, na maioria dos casos, prioriza os filhos e a esposa. Afinal, não há dinheiro para tantos planos. Ultimamente meus filhos (e minha mulher) têm viajado muito mais do que eu, que saio da cidade e do Estado somente a trabalho.
Para terminar, vai uma dica útil: o aconselhamento de um amigo confiável e de larga experiência. No meu caso, o “guru” é um amigão de longa data, o colega colunista, jornalista Ari Teixeira. Trata-se de um homem sensível, romântico, objetivo e de larga experiência de vida. É um pouco mais velho, mas só um pouco. Ele sempre tem uma palavra amiga, um exemplo a citar que ilustra seu ponto de vista quase sempre embasado em sua extraordinária sensibilidade para destrinchar os enigmas do coração feminino. Sugiro que o (a) prezado (a) leitor (a) sempre lance mão de um especialista deste quilate para envelhecer sem sobressaltos.