Claro que estou forçando, com a manchete de hoje, aquela frase que milhares de gaúchos dizem, rincão à fora, quando respondem à pergunta de um amigo ou conhecido:
– “E aí, como e que vai a vida, parceiro?”
– “Olha, cara, só vou te dar uma dica: se melhorar, estraga.”
Isso não quer dizer que o interlocutor, cutucado pelo amigo, tenha acertado na mega-sena ou tenha sido nomeado para um alto cargo na Embaixada brasileira de algum país europeu (cuja moeda seja o Euro), ou ainda, que seu time tenha comprado o passe do Messi, com estreia marcada para daqui a um mês. Até é possível – e desejável – que isso venha a ser verdadeiro, mas o que o interrogado, no caso, quer dizer é “por enquanto, estou descascando pepinos”, ou “fora eu ter caído no Conto do Bilhete, o resto vai bem”.
A manchete acima, é mais uma referência do que andaram e andam fazendo com o nosso (e da Argentina, do Uruguai e do Paraguai) Mercosul.
Na conta dos “andaram fazendo”, mais uma vez, quero confirmar que na Proposta inicial de Criação do Mercosul, a Moeda oficial do Bloco Econômico a ser criado teria o nome de Gaúcho, uma espécie de Euro dos Pampas.
Quatro jovens (países) Americanos do Sul lutariam para que desse certo o que 26 veteranos europeus tentaram, 13 estão insistindo, 12 desistiram e, por enquanto, um resolveu cair fora para lamento dos demais (caso da Grã-Bretanha).
Quanto à estória da convivência entre o Brasil “y los hermanos”, que ouvi quando morava e estudava em Uruguaiana, aos 11 anos de idade, para um guri da 1ª série ginasial, à época, era muito estranha.
Seu personagem principal era o trem, do qual se dizia que poderia ser a melhor forma de aproximar Brasil e Argentina, não fora a “bitola dos trilhos argentinos que não aceitavam composições férreas do Brasil – e vice-versa”.
A rigor, um grosseiro erro de convivência internacional, em função do qual os dois países não podiam utilizar as estradas-de-ferro existentes na região, a não ser as limitadas a seu próprio país e com suas locomotivas e vagões próprios.
Ao guri que fizesse a “pergunta indevida” – “Vô, por que os trens do Brasil não circulam na Argentina?” – a resposta vinha na hora: – “É para evitar que um país invada o território do outro, criando uma guerra que pode vir a ser mundial”! Já pensou?
A criação do Mercosul – 26 de março de 1991 – graças ao Tratado de Assunção, veio minorar o sofrimento do Paraguai em especial, que desde a Guerra por ele provocada e que levou seu nome, jamais pôde reerguer-se e voltar ao “status” da época, na qual era visto e tido como um dos grandes na economia da América do Sul.
Na verdade, o Brasil já havia reconhecido que uma aproximação seria a melhor atitude a ser tomada, o que o levou, em 1975, a propor a construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu, hoje, a maior usina geradora de energia do mundo.
Ainda no Mercosul, a constatação de que, no mínimo a cada semestre, comemora-se o Mês do Fechamento de Fronteiras, justamente para levar centenas de caminhões brasileiros a terem seu ingresso – e de sua carga – proibido, bem na fronteira do país vizinho, enquanto a diplomacia brasileira trata de negociar vantagens que possam motivar o (a) Presidente (a) a que “cambie su idea” e volte a pensar na unida família dos quatro países, que volta e meia são cinco (lembram da Venezuela?) e lá pelas tantas são três.
Uma cláusula Pétrea proíbe a entrada da Venezuela de Chaves no bloco (só é permitido o ingresso de países democráticos no Mercosul).
E o gol do Maradona, com a mão, continua valendo?