A modernidade provoca paradoxos de difícil compreensão. Praticamente todo mundo dispõe de no mínimo um ou mais equipamentos que permitem registrar fotografias. As engenhocas vão desde minúsculas câmeras digitais até poderosos celulares, tablets e uma infinidade de ferramentas que permitem flagrar cenas em qualquer circunstância. E estas imagens podem, em poucos segundos, serem postadas em algum blog, site ou perfil do Facebook tornando-se de conhecimento mundial.
A velocidade do aperfeiçoamento deste tipo de mídia desafia os especialistas que são unânimes em reconhecer que é impossível prever até onde nós chegaremos. Afinal, qual é o limite?
Ao mesmo tempo que isso acontece, as pessoas não podem mais manusear suas fotos porque raramente são reveladas e impressas em papel. Flagrantes de viagens, passeios e de momentos festivos só podem ser apreciados quando postados em redes sociais ou enviados por e-mail. Outra alternativa é organizar um jantar de confraternização entre amigos e familiares para recordar os bons momentos eternizados numa imagem. Ninguém mais carrega álbuns para folhear e mostrar aos colegas de trabalho ou acomoda fotos na carteira para mostrar aos amigos.
A capacidade de capturar informações também impressiona. Nunca antes na história da humanidade foi possível absorver tanta notícia de qualquer continente em tempo real. Esteja onde estiver, o vivente pode “conversar” dos mais remotos rincões com amigos, vizinhos ou parentes em tempo real, bastando adquirir a ferramenta necessária.
É estranho ver jovens reunidos trocando mensagem entre si em vez de conversar
Apesar do bombardeio que fez do mundo a chamada aldeia global, consultórios de analistas, psiquiatras e terapeutas de casal estão lotados de pessoas que simplesmente não conseguem se comunicar. Qualquer esforço para estabelecer parâmetros de comunicação é bem-vindo, mas cheguei à conclusão que a esmagadora maioria das notícias consumidas é totalmente dispensável, duvidosa ou inverídica.
A sede instigada pela curiosidade em torno de todos os segmentos da atividade humana gerou uma necessidade cada vez maior de produzir conteúdos. Afinal, os milhares de sites e outros instrumentos baseados na internet se multiplicam. E é preciso abastecer todos estes espaços permanentemente.
A pressa motivada pela ansiedade impede a verificação da veracidade de todas as informações veiculadas. Como se trata de uma rede de alcance mundial, um equívoco paroquial se transforma, em poucas horas, em manchete internacional com consequências muitas vezes nefastas que destroem reputações.
Já confessei aqui minha ojeriza com a massificação no emprego de tecnologia nas relações humanas. Não suporto ver uma mesa de bar ocupada por latptops tomando o espaço de copos e garrafas de cerveja ou de vinho. Sofro ao vislumbrar jovens ao sol, num domingo de inverno, trocando mensagens entre si, disparadas de seus próprios smartphones!.
O equilíbrio como sempre está no meio termo, ou seja, no uso criterioso das tecnologias e de suas ferramentas. A escravidão provocada pela internet me assusta, apesar de não desconhecer seus benefícios. Mas é preciso cuidado. Do jeito que a coisa anda, em breve na hora de colocar a mesa do jantar além dos pratos e talheres será necessário garantir o espaço para o computador.
Arroio do Meio, tradição de beleza
Há duas semanas listei aqui um pequeno – porém significativo – grupo de antigos colegas que encontrei numa rápida passagem pelo supermercado do STR num sábado à tarde. Foram fugazes, mas significativos momentos de reminiscências de uma adolescência de outros tempos.
Esqueci de citar uma amiga de longa data, cuja beleza somente se acentua com o passar do tempo. Falo da Mara Leanete Kuhn, antiga moradora do bairro Bela Vista (onde residi), ex-colega de aula e do coral do antigo Colégio São Miguel e parceira de inúmeras jornadas esportivas, principalmente de torneios de vôlei.
Infelizmente só pude vislumbrá-la a distância e não tive oportunidade de conversar com Leanete, a quem mando, daqui, um grande abraço.