Imagina só: há trinta anos atrás, empregavam-se 140 mil pessoas para produzir um milhão de automóveis. Hoje, para produzir o dobro dos carros, são necessários um pouco mais da metade dos empregados.
A consequência disso é óbvia. O número de empregos tende a diminuir e a diminuir cada vez mais. O avanço da tecnologia engole empregos com a voracidade de um leão faminto. Aqueles que têm mais idade podem ainda lembrar como era grande o número de pessoas necessárias para construir uma estrada na comparação com hoje, quando as máquinas dispensaram as pás e picaretas empunhadas pelos operários. E se a gente olhar para o território doméstico, encontra a mesma coisa. É só pensar na maratona que conseguir roupa limpa representava: esfregar – deixar de molho – quarar ao sol – passar anil – torcer – pendurar para secar – recolher do varal – passar a ferro – engomar. Agora, é só pegar um monte de roupa e jogar na máquina de lavar; depois, na máquina de secar. A maior parte das peças dispensa o ferro de passar. Engomar? Pouca gente ainda sabe o que é engomar roupa.
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Não admira, por isso, que o desemprego seja um dos grandes desafios do mundo moderno. Com crise econômica ou sem ela, o fato é que a necessidade de mão de obra está numa curva descendente. Avalia-se que uma máquina chega a tomar o lugar de 40 pessoas. Os bancos e escritórios podem falar bem disso. Com a entrada dos computadores, a redução de empregados foi nada mais que violenta.
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É verdade, por outro lado, que novas necessidades surgem. Os salões de beleza, por exemplo, multiplicaram o número de serviços oferecidos e o de profissionais também. Antigamente, cortar o cabelo era quase tudo o que se buscava num salão. Hoje, é preciso alisar, hidratar, fazer luzes, cuidar da pele, das unhas, etc.
Outra coisa, há alguns anos, quem precisava de personal trainer, quem precisava de apoio psicológico?
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Muito bem. Então, já sabemos. Quando candidatos às eleições de 7 de outubro vierem prometer empregos, pé atrás. É preciso ir mais a fundo. Saber mais. Será que em vez de empregos os caras não estariam falando em “empregismo”? As palavras são parecidas, o significado é diferente. Vai olhar no dicionário. Empreguismo consiste em criar vagas desnecessárias só para acomodar a companheirada.