Wanderley Theves. Pouca gente conhece a figura central deste comentário a partir do seu nome civil. Mas basta dizer simplesmente Xumby que todo mundo sabe de quem se trata. Ele é uma figura tão incomum quanto a grafia do apelido.
Conheço este bagunceiro desde piá quando aprontava poucas e boas no pátio da Escola Luterana São Paulo. Quem conheceu este roqueiro ensandecido na maturidade pode imaginar o endiabrado estudante que quase enlouqueceu o casal Dorothea e Aldino Suhre, responsáveis pela direção do colégio.
Gostem ou não dele, é inegável que Xumby é um cara de múltiplos talentos. Músico, piadista, escritor, compositor, cantor, marido, pai, grande amigo dos amigos, um parceiro de todas as horas. Já compôs cerca de 200 músicas porque se trata de um talento precoce. A estreia artística ocorreu em 1974 no histórico Festival Regional da Música do Vale do Taquari, o inesquecível Frempat, no palco do saudoso Cine Teatro Real.
O professor Harry Lopes, do Instituto Musical Mascarenhas, um visionário que circulava com desenvoltura entre os jovens, agitava toda a região dando oportunidade para jovens talentos que não tinham onde mostrar suas aptidões. Incansável, Xumby calcula que já participou de cerca de 40 festivais.
Ao contrário de alguns artistas, ele não se omitiu de emprestar sua experiência na direção de um órgão administrativo, o Núcleo Municipal de Cultura de Arroio do Meio de 1997 a 2001. Ao jogar o nome no Google deparei com o vídeo mais recente dele que recomendo. O nome da música é O País do Futuro com a participação de um coral de crianças. “Me inspirei nos velhos tempos da Escola São Paulo quando nos diziam que o Brasil era o país do futuro. Isto há 45 anos, mas continuam falando isso pra piazada!”, explica.
O maluco beleza arroio-meense é incansável. Escreve, canta, toca e é um pai maravilhoso
O multifacetado Xumby tem outro talento, o maior de todos que aparece com nitidez quando desempenha a função de pai. Ao lado da incansável e simpática Cléa – que no meu tempo tinha sobrenome Meneghini – dedica as 24 horas do dia ao filho Guilherme, acometido da Doença de Wilson (ou degeneração hepatolenticular). É uma síndrome cromossômica genética cuja principal característica é o acúmulo tóxico de cobre nos tecidos que acarreta uma série de sintomas neuropsiquiátricos.
Xumby e Cléa são incansáveis. Até shows com diversas bandas e artistas amigos eles organizaram para angariar recursos a fim de manter o custoso tratamento do filho. Guilherme participa ativamente da vida social do casal. Até no show do Ozzy Osborne ele foi, o que obrigou Xumby a brigar por um espaço exclusivo para cadeirantes no Gigantinho.
Mas o maluco beleza arroio-meense é incansável. Estimulado pela Cléa, prepara o lançamento de uma obra “séria”. Não quero estragar a surpresa, mas tem a ver com a contribuição dos italianos para o desenvolvimento do nosso município, o que é um justo reconhecimento.
Com o passar do tempo, a idade não reduziu a energia, nem fez cessar o talento e ou diminuir a sensibilidade de um artista dos palcos e da vida. Xumby mostra, a cada dia, que sabe compatibilizar o talento para compor, cantar e escrever, sem ofuscar seu desmedido amor de pai e de marido. Parabéns, amigo. Se os elogios não são tão frequentes como deveriam… não desanima! Embora no teu caso, santo de casa faz milagre!