Miguel de Cervantes Saavedra nasceu em Alcalá de Henares, cidade da Espanha, há mais de 460 anos. Por constar em inúmeras referências o seu nome como autor da frase-título da crônica de hoje é bem possível que estejamos tratando de uma frase que tenha, mesmo, bem mais de quatro séculos. É importante salientar essa origem , afinal Cervantes foi o criador de Dom Quixote de la Mancha em 1605, obra que o imortalizou.
Dom Quixote foi o protagonista de uma “novela” (assim se denominavam comédias e contos de aventuras de cavalarias), gêneros narrativos que tinham grande número de leitores, para a época.
Mas, continuemos.
Na Copa do Mundo de Futebol em 1986), nas quartas-de-final enfrentaram-se Inglaterra e Argentina, jogo no qual foi marcado por Diego Maradona o “famoso gol com a mão”, logo em seguida chamado como “gol de Deus” pelo jogador. Esse gol possibilitou à Argentina seguir em frente na disputa, o que constitui-se em um “crime quase perfeito”, como veremos logo adiante.
Quem se encarregou de transformá-lo em ato criminoso foi o próprio Diego, que saiu vida à fora a contar para o mundo sua vergonhosa proeza. Tão vergonhosa que há cerca de um mês foi tentada pelo jogador Barcos, do Palmeiras e logo defenestrada (jogada pela janela) em julgamento oficial e nacional no Brasil.
Mas tem mais.
Na Copa do Mundo seguinte,1990, na Itália, o treinador Carlos Bilardo, da Argentina, preparou uma garrafa de água “batizada” para oferecer aos brasileiros durante a partida que teriam contra o vizinho país. O lateral Branco informou ter se sentido mal logo após ingerir água daquela garrafa e a façanha foi, de novo, contada por Diego, com orgulho, confirmando Bilardo como autor da ideia.
Já em nosso século 21, há poucos meses, Brasil e Argentina disputariam a segunda partida do que anualmente é chamado de Clássico das Américas. O Brasil havia ganho o jogo anterior e a ele bastaria um empate. Por ser considerado, por mérito, o mais importante clássico do futebol da América do Sul, todos estranharam quando souberam que o jogo havia sido marcado para um estádio situado a l.000 km de Buenos Aires, sua utilização não ocorria para jogos importantes há muitos anos e, com comentários negativos no mundo, todo o jogo foi cancelado no último minuto, já com a bola na mão do juiz, pela ocorrência de falta de energia elétrica no estádio.
E o mundo inteiro voltou a ser comunicado que o Brasil estava entre os que não haviam cuidado dos detalhes de um jogo, logo ele, sede do próximo Campeonato Mundial de Futebol.
Disputado mais tarde, na Bombonera, deu Brasil, na situação mais difícil e menos provável.
E para encerrar: São Paulo e Tigres da Argentina, enfrentaram-se recentemente, duas vezes, na decisão da Copa Sul Americana de Futebol.
Sofrendo 2 gols no primeiro tempo do segundo jogo, no Morumbi, o Tigres não voltou do vestiário no intervalo, alegando agressão (penso que algo inédito em jogos anteriores contra qualquer outro time) da segurança do São Paulo, em pleno vestiário.
Sei que me antecipo a julgamento maior e próximo sobre o tema, mas arrisco uma opinião da qual me parece não se pode abrir mão: “aún así no crea hay brujas en estas comedias” como, imagino, certamente diria Cervantes.