Levanta a mão aí quem gosta de ser logrado? Logrado assim pelos caras que lhe prestam um serviço, por exemplo, pelo taxista que aumenta o preço da corrida, pelo pintor incumbido de pintar a casa, pelo entregador de uma encomenda?
Quem aí não se importa em ser passado pra trás pela oficina onde deixou o carro ou pelo restaurante que vende comida a quilo?
Quem fica na boa ao mandar seus filhos para escola, mesmo se a aula termina antes da hora, mesmo se não há lições a serem estudadas, mesmo se o professor ensina errado?
Quem adora ser atendido mal pelo dentista ou pelo médico?
Quem escolhe comprar na loja que cobra caro e vende um produto vagabundo? Quem aprecia ter de ir trinta vezes atrás de um documento que não fica pronto e não fica pronto por displicência do funcionário?
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Ou seja, curto e grosso, quem aí pertence ao time do “me-engana-que-eu-gosto”?
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Não acredito que o fã clube desse time seja grande. Acho, pelo contrário, que maioria espera respeito e correção no tratamento que recebe. Aliás, é bem comum achar pessoas discursando em favor dos seus direitos.
Mas, então, como é que pode? Como é que pode que a safadagem ande livre, leve e solta? Como pode que tanta gente se dedique a lograr os outros? Desde fazer corpo mole no serviço até se fingir de incapacitado para a função que exerce? Desde lograr no peso do produto até a aumentar a conta? E assim por diante, que os exemplos são variados. Como é que pode?
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Como é que pode todo mundo querer um tratamento bom e, na sua vez, oferecer o pior em troca?