Amor é o título do filme que levou o Oscar de melhor produção estrangeira do ano de 2013. Seu diretor é o conhecido cineasta austríaco Michael Haneke.
Amor é uma história simples. Aparentemente. Mostra o cotidiano de um casal, Anne e Georges, ambos com mais de 80 anos. Quase todas as cenas se passam no interior da casa deles em Paris, um apartamento não luxuoso, mas confortável. O detalhe é que está cheio de objetos de arte. São as recordações colhidas durante uma longa vida em comum. Antes da aposentadoria ambos tinham sido professores de música.
Tudo vai bem. O casal vive feliz, dinheiro não falta, a filha vem visitar quando pode. Tudo vai bem até Anne sofrer um derrame e ficar com parte do corpo paralisado. O núcleo central do filme começa neste ponto. Anne passa um período difícil no hospital. Depois disso faz o marido prometer que não vai levá-la de volta para lá nunca. Georges promete. E cumpre.
Pouco a pouco Anne vai perdendo a capacidade de cuidar de si mesma e Georges se dedica a ela, conforme prometeu. Não é que faltem recursos para internar Anne numa clínica; não é que seja impossível contratar enfermeiras. Acontece que Georges quer cuidar de Anne. E o faz por amor e com amor.
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O filme se concentra nisto. Em mostrar as dificuldades crescentes de Anne e a lida de Georges para alimentá-la, para banhá-la, para encontrar meios de distraí-la, etc. Alguém pode achar pouco para um filme inteiro, pode achar monótono. De fato, muitas pessoas saíram no meio da sessão. Não sei a razão de saírem. Pode ser que acharam a ação lenta demais. Pode ser que não viram graça na história. Mas também pode ser que não suportaram o talagaço.
Porque é difícil suportar a visão do declínio da vida. Custa suportar a ideia de que o amor pode ser outra coisa do que aquilo que se está acostumado a ver nas novelas.
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O filme apresenta uma face menos charmosa do amor. Mostra o amor que não arreda pé. O amor que é compaixão. O amor que ampara e que ajuda a morrer.