Uma coisa que intrigava os brasileiros agora vai no rumo do esclarecimento. Assim. Boa vontade não faltava. Faltavam os recursos. Isto mesmo, não tinha dinheiro para contemplar as necessidades da população e os governantes não se cansavam de lembrar que não havia recursos.
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* Os aposentados viam seus ganhos minguarem ano a ano. Fazer o quê? Que se virassem. Não havia recursos para repor as perdas da inflação.
* Quem precisasse de cirurgia que fosse esperar na fila. Não havia dinheiro para operar todos. Às vezes, nem esparadrapo tinha, que fará leito nas UTIs.
* As escolas precisavam dispor de uma biblioteca atualizada, mas não havia dinheiro para isso. Se as bibliotecas se tornavam depósito de material deteriorado, era uma pena, mas não havia recursos.
* A polícia tinha de se aparelhar melhor para fazer frente ao avanço dos bandidos. Mas cadê recursos? Se não tinham armamento, podiam, talvez, ir se virando com um bodoque. Não tinham colete à prova de balas? Era uma lástima realmente.
E assim por diante. Cada um poderia botar mais lenha na fogueira desta lista.
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De tanto ouvir que eram os recursos que faltavam, tinha baixado certa resignação. Pois é. Na nossa casa também não havia dinheiro para tudo. Claro que dava um cutuque contemplar a facilidade dos planos de saúde para o Congresso, por exemplo. A largueza dos recursos para certos prédios públicos. O uso do cartão corporativo. Os salários dos representantes e dos assessores. As diárias generosas. Os roubadores do dinheiro público que se safavam dos processos sem devolver nada.
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Aí acontece a Copa do Mundo.
Como se fosse mágica, o dinheiro começa a aparecer. Passou a ter dinheiro a monte. Estádios foram sendo construídos com velocidade. Quem visse de fora pensaria que os estádios eram de fato a prioridade nacional. Por que não se podia aplicar o mesmo ritmo na construção de estradas, por exemplo?
Onde estava guardado o dinheiro que faltava e agora tem?
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Se alguém alguma vez se espantou com a gritaria que agora invade as ruas brasileiras, que não se espante mais.
Este é um bafafá que estava sendo construído há muito tempo.