Fui conhecer o Inhotim. Já não era sem tempo. Há muito queria ter feito a visita, mas sabe como é. Sempre havia outra coisa primeiro. Mas, agora fui.
Como esperava, foi um encantamento. O Inhotim é único, é lindo. O Inhotim é um jardim de delícias. Não bastasse tudo, o Inhotim é limpo – coisa que no Brasil vale como um elogio enorme.
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Se você não está entendendo, é o seguinte. Inhotim é o nome de um mix de jardim botânico e museu de arte contemporânea, situado em Minas Gerais, a uns 60 km de Belo Horizonte.
A área aberta à visitação tem cerca de cem hectares. É formada por jardins, lagos, mata nativa, galerias de arte e também obras de arte instaladas a céu aberto. Tudo lindo, bem cuidado, com bancos para sentar à sombra, com lancherias e restaurantes, com banheiros impecáveis, com funcionários amáveis para acompanhar as visitas, para dar informações, para ajudar. Nem parece verdade.
O tempo da visita diária é de 7 horas, vai das nove e meia da manhã até as quatro e meia da tarde. Claro que não dá pra ver tudo, mesmo se você pegar assento num dos carrinhos de golfe que percorrem o parque. Mas dá pra ver muito. É o suficiente para se deslumbrar.
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Os visitantes vem de todo o país, vem também do exterior. A mistura de sotaques e línguas caracteriza o Inhotim. Não é pra menos. Nada no mundo se parece com o Inhotim. Sério. Muitas obras de arte estão ali construídas para ficar para sempre, outras estão expostas em galerias que se renovam periodicamente. Há também obras espalhadas ao longo das trilhas, seja no meio de bosques, sobre algum lago, no alto de morros. Onde você menos espera.
Crianças são bem-vindas ao Inhotim, idosos também. Não há restrições.
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O único cutuque foi pensar como são raros os parques, museus, jardins, galerias de arte entre nós. Nem precisaria vir tudo assim misturado como no Inhotim. Bastaria termos espaços públicos com banheiros bem instalados (e bem cuidados), com lancherias (que sirvam comida digna e não arranquem o olho), além de com lugar para a criatividade botar as suas asas.
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Alguém vai dizer que arte é luxo demais para o nosso bico. Que precisamos antes garantir o básico. Pode ser.
Mas também pode ser que o convívio com espaços de beleza e com formas de arte nos ensinasse que o mundo pode ser arrumado de diferentes maneiras. Não apenas desse jeito pobrinho a que estamos tristemente acostumados.