Julho será especial para milhares de jovens católicos que participarão, entre os dias 23 a 28, da Jornada Mundial da Juventude. A maior expectativa para o evento deste ano é a presença do Papa Francisco, sucessor do Papa Bento XVI, que abdicou ao papado em fevereiro último. Da Diocese de Santa Cruz do Sul, são cerca de 230 jovens que participarão da JMJ.
Entre estes estão as arroio-meenses Taíssi Alessandra Cardoso e Thaís Lohmann. Taíssi irá com uma caravana oficial da Diocese, com representantes de todas as paróquias que sairá de Santa Cruz do Sul no domingo, dia 21. O transporte terrestre foi uma orientação da organização da Jornada, para evitar o congestionamento nos aeroportos por causa da vinda de delegações estrangeiras. “Estou me preparando desde a metade do ano passado quando fui convidada pelo pároco a representar a paróquia de Arroio do Meio nesta delegação”.
A Caravana Amor e Unidade surgiu através da união de jovens e adultos da Renovação Carismática Católica – RCC da Diocese de Santa Cruz do Sul. Engloba pessoas de Arroio do Meio, Lajeado, Santa Cruz do Sul, Venâncio Aires entre outros municípios da comarca. É com este grupo que Thaís irá para o Rio de Janeiro no dia 19. “Vamos partir uns dias antes para visitar a cidade de Aparecida e a Comunidade Canção Nova em São Paulo”.
Jovens na Igreja
Thaís participa da RCC há aproximadamente três anos. Até então, sequer sabia o que era a JMJ. Ela vê esse evento como uma quebra de tabu, que diz que o jovem cristão é cafona, ou então que a Igreja está tomada por idosos e até que não existem jovens na Igreja. “A união de mais de nove milhões de jovens católicos do mundo inteiro por um único ideal, me fascinou. Creio que esse fato faz calar muitas vozes”. Para a estudante de Arquitetura e Urbanismo, a participação na jornada será, além de um marco na sua vida, uma oportunidade de viver e reforçar a sua fé. Além de poder conhecer ou ver de perto o Papa Francisco.
Já Taíssi acredita na força de uma juventude que se une pelo único ideal que pode mudar o mundo: Jesus Cristo. “Acredito que esse será um momento muito especial, emocionante e significativo para a juventude de todo o mundo, mas em especial para a juventude do nosso país”, destaca. Ela participou do Primeiro Encontro Mundial de Jovens da Renovação Carismática Católica no ano passado, em Foz do Iguaçu e percebeu que o jovem gosta, quer e sente a necessidade de estar perto de Deus. “O que acontece algumas vezes é que se comete o erro de pensar que o jovem é o futuro da Igreja e que o espaço para ele atuar nela se dá mais tarde. Mas, na verdade, o jovem é o presente da Igreja e o espaço deve estar aberto para ele sempre. Sua participação é muito positiva, pois ajuda a renová-la”.
Até assumir o posto de Católica Apostólica Romana e se tornar uma jovem cristã, Thaís confessa que também pensava que o jovem cristão era cafona, que jovem que vai na Igreja é fanático. Mas quando começou a viver sua religião, mudou totalmente sua concepção sobre o assunto. “Percebo que os jovens estão se voltando cada vez mais para a religião, tanto é que o público nos bancos das igrejas, nas missas tem sido cada vez mais variado. Falo isso, porque eu e meu namorado animamos missas aqui, em Arroio do Meio e Lajeado e esse fato é notável e evidente”.
Ela ressalta ainda que não é necessário entrar em uma igreja para ver isso, basta prestar atenção nas redes sociais e perceber a quantidade de postagens referentes a fé, religião e Deus. “Esse tipo de movimento mostra que as pessoas possuem fé em Deus, por menor que ela seja. O medo do que os amigos irão pensar ou do que os vizinhos vão falar, a vergonha de dizer que vai na missa ou então que vive a castidade ainda constrange e até mesmo impede o jovem de assumir-se como cristão”.
Novo Papa
Thaís vê o Papa Francisco como um líder capaz de liderar mudanças. “Meu coração se alegra demais pelas escolhas e características dele. São semelhantes as de Jesus Cristo, que era simples, humilde, engraçado e bastava apenas uma palavra ou um olhar para que tocasse pro fundamente a alma alheia”. Já para Taíssi, o Papa Francisco com a sua personalidade tão peculiar, vem dar uma lição de promoção humana, humildade, fé e amor. “É isso que precisamos para esses tempos em que temos perdido um pouco da nossa sensibilidade, em que as relações estão tão fragilizadas”.
Comparando os demais papados, Taíssi destaca que cada Papa tem uma personalidade. “O Papa Bento XVI, o Papa João Paulo II e tantos outros o fizeram com grande competência e doação. Para cada tempo há uma necessidade diferente, hoje temos a de humildade e é assim que enxergo a escolha do nosso amado Papa”. Para ela esse é o tempo em que Deus precisa dele, de sua personalidade, de seu carisma e identidade pessoal para conduzir o povo a refletir sobre essas questões.
Thaís não acompanhou muito os outros papados, mas segundo ela, os três possuem uma característica semelhante que é o amor e fé que depositam nos jovens. “O Papa João Paulo II foi quem criou a Jornada Mundial da Juventude bem como o catecismo da Igreja Católica, já o Papa Bento XVI foi quem criou o Youcat, um livro cujo conteúdo é o catecismo, mas traduzido para uma linguagem jovem, o que incentiva a juventude a estudá-lo. E por último o Papa Francisco que além de continuar com esse projeto lindo, cativa a juventude com o seu jeito de ser”.
Diante da possibilidade do Papa João Paulo II se tornar santo, ambas relatam que pouco acompanharam sua trajetória como pontífice. “Eu nasci em 1991, mas tenho uma devoção muito grande por ele, principalmente pelo carinho que tinha pela juventude”, salienta Taíssi. Já Thaís vê as marcas que deixou e ouve muitas histórias sobre ele. “Achei o máximo o Vaticano ter anunciado sua canonização, pois além de ser digno dela, foi sem dúvida um grande líder e um belo exemplo de superação e força de vontade”.
Jovens da Igreja Quadrangular trabalham o tema Inconformados no Congresso de Sumaré
Vinte e oito jovens da Igreja do Evangelho Quadrangular de Lajeado Centro participaram de 28 a 30 de junho do Congresso que reuniu mais de 8 mil jovens, na cidade paulista de Sumaré. Entre os participantes estavam os jovens Estêvão Longue e sua noiva Ana Lea Hollmann. Ambos têm participação ativa no grupo que se reúne todos os sábados à noite. Foi na igreja que eles se conheceram e se preparam para casar em junho do ano que vem.
Aos 25 anos, Estevão é o presidente do grupo e participa das atividades dos jovens desde os 14 anos. Levado pelos pais à igreja, ele se sente feliz e à vontade no ambiente que reúne o grupo. Nas reuniões de sábado à noite, eles cantam, fazem brincadeiras, teatro, leem e dialogam sobre textos da Bíblia ou fazem festinhas, onde não se permite o consumo de bebidas alcoólicas. “Através da música, do teatro, de brincadeiras, a gente consegue atrair os jovens. Eles não gostam de rotina. Tem que criar sempre algo diferente, para passar uma mensagem cristã, trabalhar valores de fé, esperança e amor. Nós nos divertimos e curtimos a vida, como muitos outros jovens, mas na presença de Deus. Aqui temos amizades verdadeiras.”
Estêvão se sente motivado a fazer este trabalho não só porque é o ambiente onde ele se sente mais feliz, mas porque acha que muitos jovens precisam deste espaço. Ele diz que no grupo há casos de jovens que vêm mesmo contra a vontade dos pais. Outros começam a vir e os pais percebem que eles mudam seu comportamento em casa e na escola. Aí eles também começam a frequentar a igreja. Mas a maioria dos que frequentam, são filhos de pais que já estão na Igreja. “Diante de um mundo cada vez mais cheio de violência, de consumismo, falta de amor, de jovens que não dão valor ao verdadeiro sentido da vida nós nos colocamos como inconformados. Inconformados com a corrupção, inconformados com a violência, inconformados com a desigualdade, inconformados com a desestruturação familiar,” diz Estevão.
Ele admite que é muito difícil atrair jovens para o grupo que nunca tiveram uma vivência cristã, mas não vê a tarefa como impossível. “É o nosso desafio. Às vezes isto me inquieta bastante. Me ponho em oração. É muita responsabilidade. O caminho é longo. Há muito por fazer, e por isto procuramos fazer a nossa parte para equilibrar as maldades.”
Pela experiência e convivência ele acha que entre os fatores que contribuem para que o jovem tenha problemas de comportamento estão a falta de limites por parte dos pais, ou o contrário, uma excessiva rigidez.