Costumo ouvir notícias de manhã, na hora do café.
Pensando bem, não sei se faço a escolha certa. Afinal, qual é mesmo a vantagem de sair para o trabalho com a cabeça cheia de maldades? De aproveitável, tem a previsão do tempo. No mais, são acidentes, ladroagens, vandalismos e a garantia de já começar a manhã atormentado.
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Bom, mas o que queria dizer era outra coisa. As notícias policiais das segundas-feiras vem repletas de casos de motoristas embriagados. Depois de feriados, pior ainda. Gente que leva bomba no teste do bafômetro e gente que se recusa a medir o teor de álcool no organismo. Ora, quem se recusa, deve ter motivos para temer o resultado, de modo que dá para somar estes aos casos de mistura de direção e álcool. E, claro, sempre há notícias de acidentes nas cidades e nas estradas. A maioria tem relação direta com o consumo de bebida. Isto sem falar nas brigas que começam com um brinde e acabam em pancada.
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É preciso reconhecer que já evoluímos muito no reconhecimento dos efeitos negativos do álcool.
No meu tempo de guria ninguém via problema em pegar o carro no final da festa. E festa, claro, não teria este nome sem vinho e sem cerveja. Beber era até bonito. Podia ser mal interpretado preferir um guaraná em vez de uma cerveja. Água nem pensar. Ninguém ia a uma festa para tomar água. Água se tomava em casa – na falta de coisa melhor. A moda de tomar água é bem recente. No máximo, uns vinte anos, acho.
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Hoje em dia soma pontos recusar bebida e aí está a medida do avanço que acontece. Já sabemos que há uma diferença colossal entre apreciar uma taça de vinho e beber uma garrafa sem piscar. Sabemos que não dá para brincar com os limites. Essa história de beber socialmente, um dia sim e outro também, não costuma acabar bem.
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Lembro de uma campanha de prevenção de acidentes que vi na França. O slogan dizia: “Boire ou coinduir, il faut choisir”. Mantendo a sonoridade da frase, em Português diríamos: “Dirigir ou beber: é preciso escolher”. Impossível as duas ações andarem juntas. Elas necessariamente se excluem.
O caminho é este mesmo. Para reduzir os acidentes de trânsito e, de quebra, melhorar o astral dos noticiários matutinos, nada é mais efetivo do que manter o álcool à distância.
Quem dirige não bebe e ponto.