No mês passado assisti a uma conferência memorável. Quem falou foi o filósofo australiano Peter Singer, conhecido por meter a mão em muitos temas polêmicos.
Neste espaço vou ficar só com um tópico, o do direito dos animais. Singer entrou nesta briga no ano de 1975 ao publicar o livro intitulado “Libertação animal”. O livro provocou muita discussão no mundo todo. No Brasil o livro demorou para chegar. Só foi publicado no ano de 2004.
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Em resumo, Peter Singer lembra que na história da humanidade se repetem os casos em que um grupo se julga superior e, por isso, se acha no direito de subjugar outros grupos.
Foi o caso da escravidão dos negros africanos. Os negros eram obrigados a trabalhar sem salário. Podiam ser espancados, como se não fossem pessoas com direitos iguais aos seus patrões. Tudo justificado pela ideia de que os donos pertenciam a uma categoria superior e podiam botar os negros a lamber suas botas – digamos assim.
Foi o caso de vários massacres ao longo dos séculos. Povos foram dizimados por grupos que se apresentavam como raça superior.
De certa forma, é a mesma coisa que acontecia e acontece ainda com as mulheres em algumas partes do mundo. As mulheres eram consideradas seres inferiores em inteligência e em capacidade para comandar a própria vida. Por isto tinham de ser submetidas à autoridade dos homens.
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Bom, é aí que chegamos à questão dos animais.
Peter Singer diz que é o mesmo pensamento de que algumas espécies são superiores às outras que vem justificando o tratamento que os homens dão aos animais. Os homens submetem os animais a tratamento cruel, com o intuito de obter mais rendimento na produção de carne, ovos, leite, etc. Os animais são confinados em espaços insuficientes, pois se não se mexerem, engordam mais rápido. Às vezes ficam sob luz forte as vinte e quatro horas do dia, para comerem mais e crescerem antes. Etc.
Sabe-se que os animais também sofrem.
Peter Singer defende a ideia de que nenhuma espécie tem o direito de infligir sofrimento à outra espécie, os animais aí incluídos.
Reduzir o consumo de carne no mundo será uma consequência prática do reconhecimento do direito dos animais – segundo o filósofo australiano.
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Vou usar as palavras de Peter Singer como conclusão:
– “Não espero que vocês se sintam satisfeitos com minhas ideias. Espero que fiquem curiosos e busquem mais informação e que, por fim, possam formar sua própria opinião.”