Quem viaja para o exterior, tem a oportunidade de olhar o Brasil de outro ângulo. Em geral, esta experiência deixa marcas.
Para fazer uma comparação, podemos pensar em uma pessoa que tenha vivido sempre em Arroio do Meio e que num certo ponto vá passar um tempo em Porto Alegre. Daí por diante, ela terá condições de avaliar melhor a sua cidade. Será capaz de observar o ambiente com mais cuidado. Provavelmente, trará ideias diferentes. Saberá valorizar mais o que é bom e ficará menos conformada com o que está ruim.
É por estas e por outras que viajar constitui um dos melhores investimentos que se pode fazer na vida. Quem quiser dar um presente realmente valioso para um jovem que lhe dê uma viagem.
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Fora o caso dos países muito pobres, hoje em dia o viajante fica triste ao fazer comparações com o Brasil. De norte a sul nossos aeroportos são acanhados – para usar uma palavra bem suave. Nossos aeroportos não comportam o atual nível de tráfego, que fará o volume esperado para o futuro próximo. Nossos aeroportos não oferecem as condições de conforto e praticidade que outros aeroportos oferecem. Sim, há obras em andamento. Mas quem de nós espera que as obras sejam concluídas com a rapidez necessária?
O capítulo das estradas é ainda mais melancólico. Simplesmente, não temos as estradas/pontes/viadutos/elevadas de que precisamos. Estamos com décadas de atraso. Bom, nem vou perguntar se alguém acredita numa solução de curto prazo. Diante do que temos visto com as obras de duplicação da BR 386, há pouco espaço para otimismo.
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Vimos falando muito em desenvolver o turismo. O turismo é capaz de enriquecer uma região ou um país. Potencial é o que não falta ao Brasil nem ao Vale do Taquari. O problema é que não basta ter potencial. Para fazer novamente uma comparação: não é suficiente ser um jovem talentoso. Se o menino não ralar pra valer, vai morrer talentoso. E só.
Turismo se faz com aeroportos, com estradas, com hotéis, com restaurantes e com muita organização. Investir em beleza também é importante. Pode parecer frescura, mas para as cidades vale a mesma fórmula que Vinícius de Moraes indicou para as mulheres: “beleza é fundamental”.
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Alguém aí está pensando que hoje estou escrevendo com a mão muito pesada. Pode ser.
Mas no meu entender, enquanto não pegarmos mais forte em todas as pontas, continuaremos neste ritmo de dança: dois pra cá e dois pra lá.