Nesta época costuma-se repetir velhos comportamentos. Por exemplo: “No começo de 2014 farei um planejamento detalhado sobre as coisas importantes que pretendo fazer no ano que chega”.
O objetivo seria aproveitar racionalmente o tempo, empregar o dinheiro com inteligência, cuidar da saúde nos 12 meses – e não somente quando chegar o calor e a roupa deixar à mostra o desleixo do inverno -, reunir velhos amigos e aproximar afetos familiares.
Abandonei esta prática. Sou incapaz de cumprir qualquer tarefa previamente estabelecida. Assim como existem aqueles que compram por impulso eu sou digamos um vivente movido por impulsos.
Quando tivemos nossa primeira filha, eu e minha mulher conversamos que passados alguns anos de casados chegara a hora. Mesmo assim demorou bastante para que a Laura nascesse. Com o Henrique foi a mesma coisa.
Há um ano trocamos de apartamento. Foi um negócio que envolveu uma dívida significativa na Caixa Federal e a necessidade de manter a saúde em dia para fazer frente às prestações. Vez por outra penso nas decisões tomadas que tomo de afogadilho. E fico dividido. Penso que se refletisse muito jamais tomaria determinadas decisões. Por outro lado há momentos que me assusto com as responsabilidades assumidas.
Indecisão de um lado, determinação de outro. Estes são os temperamentos lá em casa…
Indecisão é uma das marcas da minha personalidade. O contraponto é feito por minha mulher, cuja determinação me espanta. Ela olha, pensa e vai à luta. Parece um trator morro abaixo, tamanha obstinação. Eu sou hesitação, ela é excitação, tamanha a força de vontade que move esta mulher!
Voltando a 2014, admito que fui tentado a estabelecer um planejamento mínimo. Mas diante da minha total incapacidade de sequer programar as compras do supermercado – uma das minhas atribuições indelegáveis – deixei tudo ao sabor do vento. Afinal… até agora tem dado certo!
Lamento que novamente não tive força de vontade para realizar um trabalho voluntário para agradecer a saúde, família, emprego e amigos que tenho em profusão. Consegui, porém, organizar uma rápida campanha em favor de uma entidade que atende portadores de necessidades especiais de todas as idades, muitos deles vegetativos. Bastou disparar 10 ou 20 e-mails em cinco dias para lotar uma sala com gêneros alimentícios, fraldas, material de higiene e limpeza.
Fiquei muito feliz. Foi quase nada diante de tantas benesses que recebi ao longo do ano. Pretendo fazer disso uma prática corrente. Viram só? Prometi não fazer planos, mas o espírito natalino me traiu!
Feliz Natal, muitas alegrias e muita saúde!