Em setembro de 2001, Richard Wiseman e a Sociedade Britância para o Progresso da Ciência iniciaram um projeto de grande amplitude. Queriam conhecer qual a piada mais engraçada do mundo e, ao mesmo tempo, investigar a psicologia do humor nos quatro cantos do globo. Na prática, queriam saber se homens e mulheres acham graça das mesmas piadas; se o senso de humor muda à medida que a gente envelhece; qual a melhor hora do dia para ouvir uma anedota e se povos de diferentes países riem pelos mesmos motivos.
Milhares de respostas recebidas via internet permitiram chegar a bons resultados, entre eles, a identificar a melhor piada para homens e mulheres de diferentes idades e diferentes países. É a seguinte:
Dois caçadores estão na floresta, quando um deles tem um colapso. O companheiro pega seu celular e telefona para o serviço de emergência. Ao ser atendido, a custo gagueja:
– Meu amigo está morto, o que devo fazer?
O operador da emergência responde, de modo muito profissional:
– Acalme-se, amigo, nada de pânico, eu posso ajudar. A primeira providência agora é nos certificarmos de que ele está morto de fato.
Segue-se um longo silêncio e então o barulho de um tiro. De volta ao celular, o caçador pergunta ofegante:
– E agora o que eu faço?
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O que acontece com essa, e com a maioria das piadas é que elas propiciam uma sensação de bem-estar, que vai além da risada – concluiu a pesquisa. O bem-estar vem da possibilidade de provar que há pessoas mais burras que nós. O sentimento de superioridade é muito confortador. Aí estaria a razão de os diferentes povos terem suas vítimas preferidas, ou seja, os portugueses, no Brasil; os belgas, na França; os russos, na Finlândia e assim por diante.
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Neste mesmo campo, chama atenção a brutalidade das piadas que os jornais publicam e que os programas de humor apresentam. São simplesmente cruéis com as loiras, as sogras, os gordos, os bêbados, os loucos, os feios. A violência ali embutida impressiona.
Então vem a pergunta: a facilidade para ridicularizar nas piadas teria relação com as humilhações que as pessoas sofrem na vida real, a começar já nas escolas? Seria um jeito de se vingar?
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E que tal a gente maneirar no costume de rir dos mais fracos, nas anedotas que contamos em casa? Talvez ajudasse a promover a igualdade entre as pessoas – coisa que todos nós gostamos de dizer que é importante.