Nos últimos dias esteve aceso o debate sobre a possibilidade, ou não, de expulsar alunos das escolas.
Apareceram opiniões de um lado e de outro, todas com justificativas bem razoáveis. A matéria é de fato complexa. Quase impossível reduzi-la a um sim ou um não.
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Parece adequado pensar que há menos candidatos à expulsão, quando a escola segue normas claras e firmes, com tolerância próxima a zero. Está provado que fechar o olho para pequenas coisas abre o caminho para as grandes.
Não, não falo em crueldade. Não falo em rigorismo ou inflexibilidade. Falo em coerência, para seguir a orientação que é de todos conhecida. Assim: desde o início, todos conhecem as regras organizadas para favorecer o convívio e a aprendizagem. Todos sabem que as normas serão cumpridas para atingir objetivos justos. Depois, cabe honrar o que ficou combinado.
Combinar e não cumprir o acordo é pior do que não combinar nada.
Outra coisa, o professor vai conduzir o trabalho com a distância que cabe. Ele não é um amigo, não é um parente. É o líder do processo. Ele organiza, orienta, escuta, acomoda, mas não perde o controle.
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Se for assim, acho que lidar com as exceções fica um pouco mais fácil, até pelo fato de as exceções virarem coisa bem rara. Como tratá-las? Neste ponto não existe fórmula, tem de ser caso a caso. E, mobilizando a ajuda de todos os agentes dispostos a colaborar, seja de dentro ou de fora da escola.
Temos de concordar que a existência de normas claras e firmes facilita a vida de todos. Não é por outra razão que as organizações funcionam segundo normas. Isto vale para os CTGs, para a ONU e para os jogos de bocha. E, aliás, frequentemente o sucesso da organização fica diretamente relacionado com o modo como ela consegue seguir as normas que escolheu para seguir.
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O presente debate também faz pensar sobre um dos sentidos de expulsar, que é o de livrar-se de um incômodo. O problema é que, neste caso, o incômodo é uma pessoa. Ainda por cima, uma criança ou jovem, que tem de ser protegido – às vezes até de si mesmo. Uma criança merece ser amparada.
Criança não é para jogar fora.
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O debate é antigo. Tão antigo que até foi objeto de uma parábola bíblica. A parábola do Bom Pastor trata do tema a partir de uma pergunta:
– “Se um homem tiver cem ovelhas e uma delas se extraviar, não deixa as noventa e nove e sai em busca da que se havia perdido até achá-la?”