O dia do professor transcorreu na semana passada. Embora todo mundo considere importante, a data passou meio apagada. Em parte, claro, por que as atenções estão concentradas no pleito eleitoral. Em parte, talvez, por conta do momento confuso que atravessamos. O papel do professor está em processo de transformação, da mesma forma que estão os métodos de ensino e tantas outras coisas mais. A chegada das novas tecnologias multiplicou as fontes de consulta e revolucionou a sala de aula. Dificilmente o professor continua sendo o principal difusor do conhecimento.
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Colocam-se em cheque comportamentos que tinham o peso de dogma. Qual o proveito do ambiente silencioso e da disciplina rigorosa para efeitos de aprendizagem? Qual a vantagem de memorizar? Qual o sentido de realizar tarefas monótonas? Por que se debruçar sobre ideias antigas em vez de cultivar a criatividade?
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Questionar é importante. Mudar é importante. Duvidar é importante.
Mas também é importante ter crenças. Eu, por exemplo, acredito – ainda – que o professor pode desempenhar papel decisivo na formação de um grupo de alunos. Orientação e acompanhamento permitem avançar com mais solidez.
O professor organiza a sequência dos assuntos, ajuda a estabelecer relações, aponta falhas de entendimento, cobra resultados e oferece incentivo. Sem ele, a aprendizagem pode ficar desfalcada, pode demorar muito mais.
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Sim, claro, os professores falham, tem suas limitações, cometem enganos. Frequentemente não conseguem entender as necessidades próprias de cada aluno. O que podem fazer de melhor é preservar o papel de líder: aquele que indica caminhos e anima a andar.
Uma parte da missão de ensinar se relaciona com a apresentação da informação – o patrimônio de saber que a humanidade já acumulou. Outra parte, provavelmente a mais importante, se concentra em animar os estudantes a querer aprender. Acredito que no coração de todo o bom professor está o desejo de inspirar um genuíno amor por aprender.
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Gibran Kalil Gibran, o famoso pensador libanês fala sobre o professor da seguinte maneira:
“O mestre que caminha à sombra do templo rodeado de discípulos não dá de sua sabedoria, mas sim de sua fé e de sua ternura.
“Se ele for verdadeiramente sábio, não vos convidará a entrar na mansão do seu saber, mas vos conduzirá antes ao limiar de vossa própria mente.”