Estive recentemente em Lima, a capital do Peru. De acordo com o Fórum Econômico Mundial, o Peru apresenta a sétima economia mais competitiva da América Latina. Nessa mesma lista, para efeitos de comparação, o Brasil aparece em quinto lugar.
Lima é uma cidade grande e bonita localizada à beira do oceano Pacífico. Sua população passa dos oito milhões de habitantes – número que corresponde a cerca de um quarto dos habitantes do país.
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A boa situação econômica, mais o preço barato dos automóveis e dos combustíveis produzem um resultado impactante na cidade de Lima. Nunca vi engarrafamento igual. Por volta de 21h ainda permanece trancada a comunicação bairro-centro. Os ônibus passam lotadíssimos. Mesmo querendo, fica difícil se encorajar a embarcar.
Entre os bairros elegantes, todavia, o fluxo corre mais fácil. Muito em função da abundância de táxis. Mas, atenção, taxímetro não é equipamento utilizado, por isso convém acertar o preço da corrida antes de embarcar.
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Como costuma acontecer nos países do terceiro mundo, a cidade de Lima tem bairros bonitos e ajardinados, tem edifícios modernos e também tem bairros pobres, sujos, degradados, onde a violência dá as cartas.
Miraflores é o bairro preferido dos turistas. Ali há largas avenidas que reservam no centro espaço para pedestres, entre canteiros de flores e bancos aprazíveis à sombra de belas árvores. A quantidade de flores surpreende. Acontece que Lima se localiza em área desértica. Nunca chove em Lima. Ou melhor, ali se registram na média 3mm de chuva por ano. A beleza das flores não é, portanto, simples dádiva da natureza. Tem de ser creditada ao serviço de ajardinamento público que funciona à maravilha.
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Os maiores atrativos do Peru são a gastronomia e os tesouros arqueológicos. Em relação ao primeiro item, basta dizer que os dois melhores restaurantes da América Latina se localizam em Lima.
Em relação à arqueologia, cabe lembrar que o Peru foi sede de uma civilização de nível comparável à civilização egípcia. Os colonizadores espanhóis fizeram um verdadeiro massacre arqueológico ao tomar conta da área. Mesmo assim, sobraram santuários e uma variedade de objetos preciosos.
Perguntei a Jorge, o guia que nos mostrava o santuário de Pachacámac, se os peruanos não guardavam ressentimento pelo modo como os europeus tinham devastada a cultura existente antes de sua chegada em 1532.
Ele pensou um pouco e respondeu que não. Afinal, já faz tanto tempo que isto aconteceu – disse ele. E depois – completou – os espanhóis destruíram muito, mas precisamos reconhecer que também muito trouxeram.
Achei bonita a resposta.