Entra ano e as resoluções estão lá: claras, objetivas e ordenadas. Na metade do ano, já estamos confundindo as coisas. O compromisso de emagrecer tantos quilos entrou em conflito com o prato de macarrão à bolonhesa que os primeiros ventos frios estimularam. A caminhada obrigatória encontrou todos os bancos disponíveis da praça de onde, com certeza, se pode observar gente absolutamente em forma – que não estavam nem aí para te dar um estímulo.
“Vai lá, gordinho!” E as questões profissionais? Seria o ano em que você definitivamente desistiria deste trabalho que não te leva a nenhum lugar a não ser a uma imensa frustração, em troca do projeto magnífico da pousada em alguma montanha de paisagem bucólica, ou naquela praia da moda. Antes você decidiu equilibrar as coisas. Quitar as dívidas, mas o engraçado é que elas parecem alimentar-se de projetos. O Brasil tem o PIB do Reino Unido, mas o nosso reino unido tropical só tem lugar para uma corte muito pequena e decididamente mesquinha. Por enquanto, eu pelo menos, estou fora.
No campo afetivo-familiar a coisa é ainda mais enrolada. Os que planejam filhos, às vezes, não conseguem realizar seu sonho enquanto outros, sem nenhuma estratégia, procriam feito coelhos malucos roubados de algum conto de Lewis Carrol. Não existe mágica. E tudo aquilo que estava alinhado no papel, no computador ou afixado na porta da geladeira – desculpem o trocadilho tipo ano velho – pode acabar em gelada. Portanto, nada de exagerar nas expectativas. Planejar é fundamental.
Quase tudo o que eu planejei em 2014, chegou próximo a realização. Talvez não no formato pré-estabelecido, mas dentro das limitações impostas pelo momento. Então, vamos nos permitir pequenas, mas valorosas mudanças. O mesmo trilho às vezes sobrecarrega os dormentes com projetos inacabados, por erro de foco, desinteresse ou a mais natural dificuldade de execução.
Aviso que coisas afetivas como trocar de parceria amorosa não dá para se colocar nesta lista. Não é na virada de calendário que se conquista uma parceria, mas na mudança de atitude e amadurecimento. Isso acontece naturalmente. O que se pode fazer é buscar a cura de pequenos defeitos – egoísmos, ou exacerbada doação sem retorno. Para esse tipo de mal sempre tem cura em literatura, conselhos de bons amigos e psicanálise, quando possível.
O fundamental é acreditar que se pode e se vai melhorar – não a partir do ambiente adverso – mas de você mesmo, que afinal de contas, integra essa massa de gente sempre em busca de amor e um mínimo de reconhecimento. Enquanto isso, preparemos o final de ano com dignidade sempre agradecendo por tudo. Tem um ser maior, uma luz que te aponta a verdade seja para cristãos, judeus ou muçulmanos. E a verdade é que a vida é a maior dádiva.