Existem poucos documentos sobre a vida de Tiradentes, anteriores ao seu ingresso na vida militar. É certo que sua família dispunha de alguns recursos em terras e escravos ; dois de seus irmãos ordenaram-se padres, sendo que o mais velho, Domingos da Silva Xavier, mais tarde praticou também a advocacia.
Tiradentes – Joaquim José da Silva Xavier – casou-se com D. Antonia Maria do Espírito Santo, com quem teve uma filha, de nome Joaquina.
As referências sobre a vida Militar de Tiradentes, mostram que ele sempre cumpriu, com eficiência, todas as missões que lhe foram destinadas.
Tiradentes ajudou a limpar a Região da Mantiqueira dos bandidos que a estavam invadindo; foi um competente comandante do destacamento que policiou os sertões mineiros; chefiou as patrulhas que vigiavam a estrada que fazia a ligação entre as vilas mineiras e o Rio de Janeiro: teve êxito na sua busca aos contrabandistas de ouro e diamantes e, durante muito tempo, foi o encarregado da guarda do armamento depositado no Quartel de Vila Rica.
Por que, então, depois de 14 anos de competência na Vila Militar, Tiradentes não obteve uma única promoção?
A resposta é: por ser brasileiro e não ter padrinhos influentes .Estes fatos pesaram bastante no seu empenho em levar até o fim a Conjuração (Conspiração contra o Estado ou contra alguém) Mineira.
O fato é que a Conspiração contra a Coroa já ia avançada, quando em 1788, o Governador de Minas Gerais, Luis da Cunha Meneses, tido como corrupto, foi substituído por Luís Antônio Furtado de Mendonça, Visconde de Barbacena e sobrinho do Vice-Rei, Luís de Vasconcelos e Souza.
O novo Governador chegou com ordens de aplicar o alvará de 1750, segundo o qual, ou Minas Gerais pagava 1500 kg de ouro para a Coroa ou a derrama seria posta em prática. Por derrama, entenda-se tirar de cada cidadão o que fosse possível, até alcançar a tonelada de ouro necessária para ficar em dia com o Tesouro Real.
Este fato acelerou vários outros.
Tiradentes, que estava no Rio de Janeiro e era o responsável pela organização e divulgação da Revolta, passou a falar ainda com mais pessoas Alguns dos mais importantes cidadãos de Minas Gerais, devedores de grandes ou pequenas quantias ao Tesouro, reuniram-se para apressar o golpe e Joaquim Silvério dos Reis, o devedor-mor, decidiu apelar para a única saída que lhe pareceu segura: delatar o assunto ao Governador, que certamente suspenderia a derrama, cujo início seria o sinal de largada para a Revolução.
Silvério dos Reis contou tudo o que sabia ao Governador, no dia 15 de março de 1789. Em troca, foi solicitado a espionar Tiradentes – que o considerava seu amigo -durante algum tempo.
Tiradentes foi preso a 10 de maio, no Rio de Janeiro e levado para a Ilha das Cobras, onde pouco tempo depois chegaria, também preso, o próprio Silvério dos Reis.
Na madrugada de 19 de abril de 1792, quase três anos depois das primeiras prisões, foi lido o Acórdão do Tribunal de Alçada: 11 réus seriam enforcados, pena depois transformada em degredo para a África, para quase todos , menos Tiradentes, condenado a ser enforcado e esquartejado.
As casas de Tiradentes e do Ten . Cel. Francisco de Paula Freire de Andrada seriam demolidas, seus bens confiscados e declarada a infâmia de seus filhos e netos. Cláudio Manoel da Costa, poeta e advogado, suicidou-se (ou foi morto) na prisão.
Entre os degredados estavam Alvarenga Peixoto e Tomás Antonio Gonzaga, o Dirceu de Marília, dois dos maiores poetas brasileiros da época, este último patrono da Cadeira 37 da ABL.
Tiradentes foi enforcado a 21 de abril de 1792 ou seja, exatos (diferença de horas) 223 anos. Seu corpo foi separado em partes, colocadas nos lugares onde fez as mais intensas pregações.
Ele havia sugerido uma Bandeira para Minas Gerais livre e Alvarenga Peixoto sugerido um Verso de Virgílio, para ser colocado no centro da Bandeira. Isso torna, hoje, ainda mais fácil lembrar Tiradentes: basta olhar a Bandeira de Minas Gerais e ler “Libertas quae sera tamen – Liberdade, ainda que tardia.”