Estávamos num grupo de amigos conversando sobre o tema do envelhecimento. Todo mundo tinha muito pra dizer. É fato que o assunto rende. Quem não se interessa? A gente quer ficar velho, sim, só não tem pressa para isso acontecer…
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A falta de pressa para envelhecer se justifica.
A expectativa de vida vem aumentando ano a ano e a fronteira da velhice vai sendo empurrada para diante sem parar. Na idade em que as pessoas eram consideradas velhas há cinquenta anos, hoje estão no maior agito.
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Mudou o modo de entender essa terceira fase da vida. Uma vez se acreditava muito em repouso. Parecia que o resguardo era receita apropriada depois de certa idade. Muito descanso, pouco movimento. Pensava-se que era melhor não forçar as articulações com exercícios. Pensava-se que os músculos requeriam trégua, depois de nos terem levado escada acima durante décadas. E assim por diante.
Nesse modo de entender a idade ficava embutida a ideia de que idosos saíam da vida na hora em que deixavam o trabalho. Para os aposentados ficava encerrada a possibilidade de empreender e de aprender. Começar a tocar piano com 70 anos parecia maluquice igual a entrar numa academia de ginástica ou abrir um negócio por conta própria. Entrava-se, isto sim, no tempo de “pegar o terço na mão”, arrepender-se dos pecados e ficar esperando a hora.
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No mundo todo estão em andamento pesquisas sobre formas de retardar o envelhecimento. E já há descobertas consistentes. A principal constatação indica que uma velhice boa não depende da sorte apenas. É, também, uma escolha a ser feita ao longo do tempo, desde os verdes anos. (Mas que pode ser iniciada a qualquer momento – inclusive, neste instante).
No que diz respeito à saúde, está mais do que provado que o controle de quatro fatores é fundamental. Ou seja, manter o peso em níveis razoáveis; não fumar; beber com total moderação e manter atividade física regular fazem diferença. Aliás, em relação à atividade física, sabe-se que uma carga de exercícios forte contorna problemas de variada natureza, esses mesmos que respondem por tantas das dificuldades de locomoção.
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Ninguém está dizendo que manter a saúde é fácil. Mas é um esforço que compensa.
Entre as iniciativas recomendadas, provavelmente a mais desafiadora diz respeito a manter-se em dia com o movimento do mundo. Quero dizer, manter o passo inclusive com as novidades tecnológicas. Evitar entregar os pontos, com a desculpa de que “já sou muito velho para estas coisas”.
Dar ao cérebro motivos para estar constantemente funcionando pode ser decisivo para ter uma velhice boa.