Um exame rápido do armário onde guardamos nossas roupas pode revelar muito sobre nosso estilo de vida. Há boa chance de mostrar que armazenamos ali muito mais do que precisamos. Provavelmente valerá a mesma constatação para os gêneros alimentícios estocados na despensa. Ou seja, se fôssemos comprar apenas o que é indispensável, certamente nossas prateleiras estariam menos atulhadas, teríamos menos trabalho com faxina e haveria poucos itens com validade vencida ou fora de moda. Como consequência, levaríamos uma vida mais descansada, além de sobrar mais dinheiro no bolso.
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A vida moderna nos distancia da moderação. Estamos acostumados a “precisar” de mais do que precisamos de fato. Por exemplo, ficou para trás o tempo em que tínhamos um traje considerado “bom”. Um só. Ele nos levava aos eventos solenes: festas, enterros, celebrações. No verão, sem casaco; no inverno, com casaco, mas sempre o mesmo traje. Ninguém se preocupava em perguntar “com que roupa eu vou?” Estávamos livres das angústias de hoje em dia na hora de escolher o look adequado…
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Mesmo quem gosta de consumir pode prestar atenção num movimento chamado “simplicidade voluntária”. Ele está ganhando força no mundo inteiro. Vai na contramão do consumo compulsivo; afasta-se da tendência de construir casas gigantescas para duas pessoas morarem; escolhe carros mais econômicos no lugar daqueles que tem mais potência do que as estradas comportam, e assim por diante.
A “simplicidade voluntária” é um jeito de viver. Quer ajudar as pessoas a precisar de menos. Não tem nada a ver com pobreza forçada. Encoraja os indivíduos a fazer uma análise cuidadosa para, depois, decidir do que são capazes de abrir mão, em favor de ter uma vida mais despreocupada e mais barata. Ou seja, a pessoa é estimulada a reconhecer a diferença entre aquilo que é supérfluo e aquilo que é necessário para a própria felicidade.
A “simplicidade voluntária” não é uma camisa de força. Cada um sabe onde lhe aperta o sapato e o que pode fazer para se aliviar.
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Os adeptos de “simplicidade voluntária” têm motivações diversas. Alguns querem simplesmente parar de trabalhar tanto e para isto escolhem gastar menos. Outros estão ligados ao aprofundamento da espiritualidade e acham que ter coisas demais atrapalha. Há aqueles que querem reduzir o stress de andar na moda e de atender muitos compromissos. Outros ainda animam-se com a ideia de ajudar a preservar o meio ambiente. Seja como for, de um jeito ou de outro, o que atrai mesmo é a possibilidade de atravessar a vida com menos peso.