O nascimento de Jesus é comemorado em quase todo o mundo. O que varia é o modo de celebrar. Para ficar só com um exemplo: se no Brasil a festa principal acontece em torno de um jantar na noite do dia 24, na Inglaterra a comemoração só vem na tarde do dia 25. De outra parte, enquanto aqui disputamos a coxa do peru, na Dinamarca a “briga” se dá para encontrar uma amêndoa que foi deixada dentro do tradicional pudim de arroz. Funciona como um vale-presente: quem encontrar é o sortudo.
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A decoração tampouco é uniforme. Na Índia, por exemplo, enfeitam-se mangueiras e bananeiras, em vez de pinheiros. Na Romênia, a decoração bate na porta através dos grupos de crianças que vão de casa em casa cantando e recitando poemas. As crianças levam uma grande estrela de madeira coberta com papel brilhante e enfeitada com sinos e fitas coloridas.
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Em termos gastronômicos a variedade é grande. Os pratos favoritos podem até surpreender.
Na Grécia, a sensação da festa é uma sopa que contém uma mistura de frango, limão, ovos e arroz. Um mingau preparado com trigo ou arroz e servido com mel, nozes e sementes é o prato apreciado na Rússia. Repolho vermelho com frutas, geleia e um tempero de gengibre, canela e vinagre faz a alegria da mesa na Islândia. Já no Porto Rico o centro da mesa é reservado ao lombo de porco com um tempero doce e apimentado.
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Pode ser bem pitoresco percorrer os costumes dos povos ao redor do mundo, mas o que permanece rondando é a saudade dos natais do tempo em que fomos pequenos. É ou não é? Tudo ficou tão diferente… Mudou tanta coisa que às vezes parece que a infância transcorreu em outro planeta.
Mesmo que anos e anos tenham passado, acho que a maioria de nós preserva a lembrança de uma beleza difícil de colocar em palavras. O que era mesmo que a gente sentia? Um estremecimento mal e mal aquietado? Um estado de susto bom de sentir? Um encanto pelo mistério muito maior do que nós? Uma mistura de alegria com receio e espera?
E nem era preciso haver requintes e luxos. Bastava uma árvore com cheiro de árvore que o pai a custo ajeitara numa lata com pedras e água. Bastava pendurar enfeitinhos na árvore, mesmo que nossas mãos restassem picadas. Bastava umas velas acesas. Bastava o presépio sobre um caixote com as figuras dispostas em chão de serragem para mostrar o milagre: o nascimento de Deus num estábulo.
Presentinhos modestos e uma mesa às vezes bem simples completavam a festa. O que havia era bom. Nada faltava.
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Gostaria de dar um abraço em todos que me acompanham aqui. Como não posso, almejo-lhes a plenitude singela dos antigos natais.