Será 22 de abril de 2030, e eu cá, Senhor, se Vos pedir pudesse, gostaria de ajoelhar-me ao pé de algum sagrado altar e dirigir-Vos a melhor das preces, lá do íntimo dos meus recém-completados 85 anos.
Se ainda vivo permanecer, Senhor, gostaria de manter-me lúcido e esperançoso, para com alegria no peito e lágrimas nos olhos, comemorar uma grande conquista que deverá ocorrer em 2030. Deste mesmo Brasil que primeiro ilha pareceu a Pero Vaz de Caminha e de pronto mereceu uma Carta a El Rey D. Manuel (foto ao lado), justamente hoje considerada como Certidão de Nascimento do Brasil (1º de maio de 1500).
Na Carta, aliás, resumo do começo de tudo, Caminha relata a El Rei D. Manuel: “nesta Vossa ilha, Senhor, as águas são muitas, infinitas; em tal maneira esta terra é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por causa das águas que tem”.
Ah, águas do Brasil, que Antonio Carlos Jobim glorificou em março e causaram tanta destruição e medo, ainda ao longo da primavera de 2008.
Volto a Pero Vaz de Caminha, agora para uma conversa reservada com o(a) leitor(a). O teor do último parágrafo da Carta de Caminha a D. Manuel é um misto de antecipação e mau exemplo ao Brasil do futuro.
Ele escreve: “E, pois que, Senhor, é certo que tanto neste cargo que levo como em qualquer outra coisa que de Vosso serviço for, Vossa Alteza há de ser de mim muito bem servida; à Ela peço que, por me fazer singular mercê, mande vir da Ilha de São Tomé a Jorge de Osório, meu genro, o que d’Ela receberei em muita mercê”.
O exemplo vem de longe: o Brasil estava no nono dia de seu “Achamento” (termo que consta da Carta, no lugar de Descobrimento) e já era motivo do primeiro pedido de emprego público sem concurso (1º de maio de 1500)
Depois disso, os fatos se sucederam, conduzindo a um resumo indispensável: as Capitanias Hereditárias, a cobiça de muitas nações, o Brasil Colônia sempre crescendo, a Inconfidência Mineira (1789) como exemplo de um povo que não suportava mais a expoliação da Corte, a chegada da Família Real pouco depois (1808), ano em que se deu também a Abertura dos Portos brasileiros às nações amigas (28 de janeiro), as providências econômicas e culturais de D. João (1808-1820), seu retorno à Lisboa (1821), a Independência, gritada por D. Pedro I (1822), o Reinado de D. Pedro II – e bem no início desse período, a Revolução Farroupilha (1835) – a Guerra do Paraguai (1865-1870), a Abolição da Escravatura (1888), a Proclamação da República (1889), o Brasil do Século XX e suas duas Guerras Mundiais, a Era Vargas, os Governos Militares, a Constituição Cidadã, Collor e sua queda, Itamar Franco e o Plano Real, Fernando Henrique e a inflação definitivamente domada e Luiz Inácio Lula da Silva.
A euforia que demonstrei no início da Portal Mix de hoje, pode ter um motivo tão casual quanto o filme da vida de Lula ser lançado – casualmente – no 1º dia do ano que será o seu último como Presidente brasileiro – pelo menos nesta fase.
A verdade é que a PricewaterhouseCoopers, uma das consultorias mais credenciadas e respeitadas em todo o mundo, acabou de revelar que, conforme seus prognósticos econômicos, o Brasil será a quinta maior economia do mundo em 2030, superando todos os gigantes europeus e só sendo ultrapassado pela China, Estados Unidos, Índia e Japão. Atrás do Brasil, figurarão daqui a 20 anos, Rússia, Alemanha, México, França e Reino Unido.
O Brasil fará parte do E-7 (os Sete Emergentes – China, Índia, Brasil, Rússia, México, Indonésia e Turquia) cujo PIB será 30% maior que o do atual G-7.
Por isso, reavivei a História da “Ilha” descoberta há 510 anos – e a trajetória que cumpriu até os dias de hoje. Agora, é torcer para ver tudo se confirmando, a cada ano.
Nós merecemos, não é mesmo?