Os noticiários brasileiros ficaram muito parecidos com telenovela. Cada novo dia, mais emoções. Espera-se o próximo capítulo da cena política com ansiedade parecida àquela ligada aos enredos de ficção. Mocinhos viram bandidos, surgem revelações inesperadas, ocorrem peripécias para mudar o rumo da história. O destino está preso por um fio.
Em resumo, há encrenca para todos os gostos.
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Estive recentemente nos Estados Unidos e vi que por lá também não falta encrenca.
O assunto mais palpitante do cenário americano são as eleições presidenciais que estão em curso e serão encerradas em 8 de novembro deste ano.
Neste momento, transcorre a fase da escolha de candidatos dentro dos partidos. Diferentemente daqui, a briga pela indicação como candidato por um partido se faz em público, com todas as armas. Ocorrem debates entre os pretendentes, acusações pesadas e propaganda paga na TV, enaltecendo um e rebaixando o oponente. É uma briga de foice. Mas, assim que o partido chegar à indicação de um candidato, as desavenças irão para debaixo do tapete. Sairão todos abraçados com o objetivo de garantir o poder máximo.
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Os democratas do partido de Barack Obama provavelmente escolherão Hilary Clinton para representá-los. Hilary é uma mulher inteligente e preparada. Tem cancha na política – foi primeira-dama, senadora e ministra – conhece tanto o palco como os bastidores da vida pública. O que lhe falta é simpatia e carisma, mas não sei se esta é uma impressão somente minha e dos adversários. Também não sei quanto é um fator decisivo no processo.
Já os republicanos enfrentam uma disputa de arrebentar. Os candidatos mais fortes à indicação do partido são o milionário Donald Trump e dois descendentes de cubanos, Ted Cruz e Marco Rubio. Nenhum deles agrada o núcleo duro do partido.
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Até o momento em que escrevo, Donald Trump vem acumulando apoios. Sua ascensão deixa alguns setores horrorizados. Acontece que Trump bate forte nos políticos de carreira, não tem lá grande plataforma de governo e, ainda por cima, reforça preconceitos que a comunidade acreditava superados. Sua fala é curta e grossa. Emprega na campanha estratégia parecida com aquela que usou pare se tornar um sucesso como apresentador de TV.
Não bastasse tudo, Trump é acusado de utilizar métodos, digamos, pouco recomendáveis, na condução dos seus negócios e sua vida privada alimenta as revistas de fofocas desde muitos anos..
A seu favor, conta a coragem dizer o que muitos pensam e poucos ousam falar. O fato de ser muito rico também ajuda. Ele pode custear a própria campanha e fica liberado para acusar os oponentes de deixar o rabo preso com os seus financiadores – coisa que tem lá sua boa dose de verdade.
Quais serão os próximos capítulos?
É esperar para ver.