De 1534 até 1548, o Brasil foi dividido em Capitanias Hereditárias, tentativa de colonizá-lo mediante o investimento de ricos comerciantes, fidalgos e navegadores, utilizados por Portugal, cuja economia já estava em declínio, graças às tentativas mal sucedidas de conquista das Índias.
De 15 grandes lotes distribuidos, apenas 2 prosperaram.
A resumida história do insucesso de 11 deles aqui está, contada do Norte para o Sul:
1 – Primeira Capitania do Maranhão – doada ao historiador João de Barros, autor de uma gramática da língua portuguesa e de um clássico chamado “Décadas da Ásia” e ao cavaleiro português Aires da Cunha, que acompanhou Cabral no descobrimento do Brasil. Tinha 330 km de extensão, da fronteira do Pará até o Cabo de Todos os Santos, no Maranhão. 14 anos depois, ao final do Sistema de Capitanias e passagem para o Governo Geral, a situação era quase a mesma do início.
2 – Segunda Capitania do Maranhão – quase 500km de extensão e ia do Cabo de Todos os Santos até a Foz do Rio Paraíba. Nesta, João de Barros e Aires da Cunha tiveram a parceria do milionário Fernando Álvares de Andrade. Esforços e investimentos não faltaram, mas foi um grande fracasso. Em 1535, Aires da Cunha morreu em naufrágio e, no início de 1539, dos mais de 1000 colonizadores que haviam seguido para lá, só 200 retornaram. Causa do fracasso: a forte reação dos índios.
3 – Capitania do Ceará – doada a Antonio Cardoso de Barros, administrador colonial português que, mesmo com estas 40 léguas de terra, jamais tentou tomar posse. Mandou, isto sim, expedições a São Vicente em busca de ouro e, ao lado do bispo D. Pedro Fernandes Sardinha, lutou contra Duarte da Costa, que sucedeu a Tomé de Souza como Governador Geral.
4 – Capitania do Rio Grande – ia do Mucuripe, no Ceará, até a Paraíba, perto de João Pessoa. Tinha mais de 600km de extensão. Não recebeu qualquer tentativa de melhora, pois seus donatários, João de Barros e Aires da Cunha, tentavam resolver problemas no Maranhão, sem sucesso.
5 – Itamaracá – ia da Baía da Traição, na Paraíba, até a Foz do Rio Igaraçu (PE). Doada a Pero Marques de Souza, teve alguma prosperidade graças aos engenhos de açúcar. Acabou incorporada a Pernambuco, em 1548.
6 – Baía de Todos os Santos – 330km de litoral, entre a Foz do Rio São Francisco e a Ponta do Padrão, na Bahia. Francisco Pereira Coutinho, seu donatário, empobreceu tentando colonizá-la. Foi morto depois de um naufrágio e devorado pelos tupinambás.
7 – Ilhéus – doada ao escrivão da Fazenda, Jorge Figueiredo Correia, que jamais veio ao Brasil. Abrangia quase 350km de costa, da Baía de Todos os Santos até a Foz do Rio Santo Antonio. Foi arrasada pelos índios aimorés, inimigos dos portugueses. Passou por vários donatários, até que em 1552, foi comprada e incorporada à Coroa.
8 – Porto Seguro – mais de 350km de extensão, entregues ao navegador Pedro de Campos Tourinho. Ia do local onde se deu a descoberta do Brasil até o Espírito Santo. Tourinho chegou a fundar sete vilas, entre elas as de Porto Seguro, Santa Cruz e Santo Amaro mas, acusado de heresia, foi chamado de volta à Lisboa, onde o Tribunal de Inquisição impediu o seu retorno ao Brasil. Os índios aimorés trataram de dificultar o resto.
9 – Espírito Santo – 300km de litoral, entregues a Fernando Coutinho e destruídos pelos índios. Teve vida efêmera.
10 – São Tomé – no hoje Estado do Rio, tinha ao redor de 380km de litoral. Pertencia a Pero de Góis, que havia acompanhado Martim Afonso de Souza, em 1530. A tribo goitacás cuidou do que era seu e matou tudo quanto não lhe pertencia.
11 – Capitania do Rio de Janeiro – mais de 350km de extensão. Ia de Macaé, no Rio, até Juquerique, hoje Estado de São Paulo, diante da Ilha de São Sebastião. Era o segundo lote de Martim Afonso de Souza. Na passagem para o Sistema de Governo Geral, o maior problema foi arrancar os franceses dali.
Nesta quinta-feira: mais duas Capitanias que não deram certo e as histórias de sucesso das que conseguiram acertar a receita.