O título deste texto é uma afirmação. Aqui não se está apresentando dúvida nenhuma. Por isto mesmo a frase do título é intrigante.
É intrigante constatar a necessidade de dizer que ler faz bem. Se dizer é necessário, isto significa que a convicção anda meio escassa. Por exemplo, não se considera preciso informar que alimentar-se faz bem. Todo mundo sabe que sem comida o corpo definha.
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Acontece que leitura é um tipo de alimento, só que destinado a nutrir o espírito, a imaginação, a sensibilidade. Mais é um baita alimento para ativar o cérebro. O benefício da leitura não se encontra tão reconhecido como aquele que envolve a comida para o corpo e isto é uma pena. Pode ser que o desconhecimento das vantagens da leitura aconteçam pelo fato de existirem formas mais fáceis de alimentar o espírito. A facilidade da TV, por exemplo.
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Custo-benefício, dá para concluir que o esforço exigido pela leitura compensa. Nenhuma outra atividade mobiliza o cérebro com tanto vigor e hoje se sabe que até doenças são prevenidas com o exercício da mente. A leitura pode ser realizada independentemente do local em que a gente está. Até na prisão é possível ler. A leitura pode ocorrer também onde falta energia elétrica. Custa quase nada, se forem utilizados os serviços de empréstimo da biblioteca pública e nada mesmo, quando algum amigo entra na jogada. Além disso, oferece combustível para o conhecimento e assegura o prazer que as palavras bem colocadas reservam.
Claro, a leitura custa tempo. Mas todas as atividades custam tempo. E aí é que vem a questão principal: como queremos empregar o tesouro mais precioso que possuímos – o nosso tempo?
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O Dr. Ivo Pitanguy, famoso cirurgião plástico que ganhou fama internacional fazendo operações de rejuvenescimento, afirmou pouco antes de morrer que “manter-se aberto ao aprendizado é uma verdadeira declaração de amor à vida. Tudo o que sabemos é pouco e a curiosidade é o que nos faz jovens”.
Quem esperava que o Dr. Pitanguy atribuísse ao seu bisturi o poder de fazer jovens as pessoas, se enganou. Manter o espírito jovem pode ter mais efeito do que consertar a aparência.
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Já se disse que muitas coisas difíceis da vida parecem ainda piores porque pensamos que somos os únicos a sofrer.
Dificilmente teremos tantas oportunidades de penetrar a intimidade das histórias de vida e conhecer como os seres humanos podem lidar com a dúvida, a decepção, a dor, a perda, etc. Boas leituras nos permitem partilhar as vicissitudes dos outros e ficar, assim, melhor preparados para enfrentar os nossos dramas.
É por coisas assim que ler faz bem. Muito bem, aliás.