Como fez o mundo inteiro (quase), acompanhei a abertura dos jogos olímpicos, há uma semana.
Achei o espetáculo lindo, adequado e politicamente correto. Senti orgulho de ser brasileira; me emocionei com a música do Chico durante a “construção” utilizando aqueles grandes blocos que pareciam de cimento; adorei ver a Gisele Bündchen desfilar ao som da “Garota de Ipanema”; aplaudi o Caetano Veloso e o Gilberto Gil. A trilha sonora toda foi um arraso: Brasil da cabeça aos pés.
***
Também gostei de ver o Zeca Pagodinho animando a festa. E agora vou contar uma coisa. Quando vi o Zeca Pagodinho tão à vontade, tão alegre e completamente convencido de que é preciso deixar a vida nos levar, lembrei de uma história – meio bizarra para os meus padrões.
***
Foi assim.
Há algum tempo comprei um CD do Zeca Pagodinho. Saí da loja pronta para ouvir o disco i-me-dia-ta-men-te. Botei o som no carro e liguei a ignição. Fui ouvindo e me animando. À medida que crescia o entusiasmo, ia aumentando o som. Lá pelas tantas o carro flutuava com o fuzuê do Zeca Pagodinho.
Cheguei ao meu destino e fui manobrar no estacionamento, ainda sob o impacto daquela barulheira. Senti que alguma coisa não estava nos conformes, mas a música não me alertou para o perigo – deixa a vida me levar – foi a única ideia que rolou. Saí do carro, fui fazer o que tinha de fazer. Quando voltei e procurei sair, percebi que algo não tinha dado certo.
Desci, para examinar a situação.
Pois não é que o para-choques se enganchara nuns entulhos deixados por ali! Ao tentar sair, por mais cuidado que tivesse, houve um barulho de lataria rasgada. Ai! Ai.
Deixei o carro na oficina sem ter noção exata da extensão do dano. Que remédio? Tinha de providenciar conserto de qualquer maneira. Só me preocupei em avisar o dono da oficina que a conta ele mandasse para o endereço tal e tal.
O conserto tinha de ser pago pelo culpado do desastre, ué!
***
É por isto que a parte da abertura da Olimpíada que me agradou mais você já adivinhou qual é. Cantando assim, risonho assim, faceiro assim, o Zeca Pagodinho parece que nem se importou com a conta que lhe chegou pelo correio…
***
A única coisa que não fiz – só agora penso nisso – foi perguntar na oficina se o Zeca pagou o serviço que devia pagar…
– Oi, Gerson! ele pagou ou não pagou?