Arroio do Meio – Prestes a completar 100 anos de idade na próxima terça-feira, dia 15, o aposentado Avelino Agostinho Lanzini esbanja vitalidade e bom humor. Sentado na sala da casa que ele mesmo construiu, na localidade de Palmas, conta sua história de vida, a qual foi marcada por muitas dificuldades, mas também por muita luta e determinação. É viúvo há oito meses, a esposa faleceu com 96 anos, e do casamento de 78 anos nasceram quatro filhos: Adélia, Amélia, Tercila e Ivanor.
A entrevista acontece ao lado da filha Amélia, de 77 anos, que se reveza no cuidado com o pai. Ela conta que para comemorar a conquista, será realizado um momento especial de agradecimento e confraternização na terça-feira, data em que o aposentado pretende reunir toda a família, entre eles, os 11 netos e os três bisnetos.
Com uma saúde de dar inveja a muito jovem, o aposentado conta que a vontade de viver o fez superar momentos difíceis nesses 100 anos, citando seis intervenções cirúrgicas, entre elas: da vesícula, rins, próstata e uma do estômago. “A vontade de viver me fez superar tudo isso”, afirma.
Naturais de Linha Alegre, interior de Encantado, seu Avelino e a esposa casaram e foram morar em São Jacó, distrito de Capitão, onde ficaram por 35 anos. A vida na localidade era difícil, em razão da região ser muito montanhosa o que dificultava a atividade agrícola. Avelino lembra que na época não havia nem ao menos carroça puxada por animais, o transporte dos alimentos da lavoura para a residência era feita com um jumento. “Cortávamos árvores enormes para abrir as lavouras. Minha vida foi muito difícil, pois sempre trabalhei no pesado. Hoje a tecnologia favorece a agricultura. Um trabalha e quatro olham o serviço”, brinca.
A vida melhorou quando mudaram para Arroio do Meio, uma vez que a localidade de Palmas apresentava melhores condições geográficas. No entanto a atividade agrícola se dava ainda de forma manual. A lavoura era arada com uma junta de bois e a colheita era realizada de forma manual. Arroz, feijão, milho, soja trigo, batata, aipim e abóbora eram algumas das culturas desenvolvidas na propriedade. O casal trabalhava ainda com vacas de leite para a produção de queijos e nata para o consumo próprio e criavam suínos que eram comercializados para o abate. “Debulhávamos milho a mão, diferente de hoje em que a colheitadeira faz tudo ali na lavoura mesmo”, explica.
Sem dúvida hábitos saudáveis contribuíram para a longevidade e a saúde de seu Avelino. Manter-se ativo realizando exercícios físicos com frequência é um deles. O aposentado realiza diariamente duas caminhadas, uma na parte da manhã e outra ao final do dia, cada uma de aproximadamente três quilômetros. Ele atribui a alimentação como fator determinante para ter uma boa qualidade de vida. Diariamente consome muita salada, mas também não dispensa o tradicional arroz com feijão. E, como todo bom descendente de italianos, uma polenta com galinha.
Mas também há espaço para a diversão. Ouvir rádio é o passatempo preferido de seu Avelino. Sempre antenado nas notícias regionais, ele não perde um programa de seu locutor preferido, Paulo Rogério dos Santos. Depois de meia hora de conversa o aposentado mostra o pomar e a horta, locais onde capina e colhe frutas e verduras. “Eu ainda trabalho, tenho muita disposição. Quando esquenta uma enxada, pego outra”, brinca.
No galpão e no chiqueiro relembra dos tempos em que criava porcos para o abate e, ao lado, mostra a lavoura da qual tirava o sustento da família. “Fazia tudo isso aqui arando a boi. Levava 20 dias para arar tudo. Hoje isso é feito em apenas um dia”, observa.
A religiosidade sempre esteve presente na vida de seu Avelino. Residindo ao lado da igreja São Carlos, distrito de Palmas, trabalhou em prol da comunidade na qual por 50 anos foi responsável por tocar o sino todos os dias no período da manhã, tarde e noite. “Tenho força para tocar o sino, podemos ir até lá para ver”, brinca.