O turismo é uma atividade que vem crescendo no Brasil e no mundo. O número de brasileiros que viajam tem aumentado nos últimos anos, bem como toda a estrutura que envolve a atividade, gerando emprego e renda. Na passagem do Dia Nacional do Turismo, transcorrido ontem, dia 2, o Brasil ainda comemora o recorde de 6,6 milhões de visitas de estrangeiros em 2016, um aumento de quase 5% em relação ao ano anterior. Todo esse movimento injetou na economia brasileira mais de R$ 21 milhões.
Além da movimentação de estrangeiros, os brasileiros também têm viajado bastante. Para o exterior e para destinos locais. Viajar para fora do Brasil, em alguns casos, pode ser mais em conta do que se deslocar em solo brasileiro, segundo a proprietária da Arroiotur, Rejane Kerbes. Resorts em Punta Cana, no Caribe, por exemplo, custam quase o mesmo valor do que os brasileiros. E com o diferencial do mar caribenho ser de águas quentes e de paisagens paradisíacas. No Brasil, os destinos mais vendidos na agência são Porto Seguro, seguido de Rio de Janeiro e Pantanal. Os cruzeiros também têm tido boa procura.
Para Rejane, o fato de ter muito turismo paralelo, feito por pessoas que não têm capacitação para tal e que não precisam recolher tributos, prejudica o trabalho dos profissionais da área. Da mesma forma, salienta que não se consegue conhecer um lugar sem um condutor de turismo, que vai saber dados e informações sobre o local. “Sempre contrato um condutor de turismo local para fazer um trabalho bem feito. Turismo não é só passeio, é conhecimento. As pessoas precisam voltar com conhecimento na sua bagagem cultural. Não existe melhor presente para dar a si mesmo do que viajar”, afirma, animada com os resultados dos dois primeiros meses do ano.
Ismael Gabe, sócio-proprietário da agência Schöntur Turismo, diz que a recessão econômica repercutiu forte no turismo. O movimento vem caindo nos últimos dois ou três anos. Diz que há cerca de três anos a agência levava 420 pessoas/ano para fora do país, especialmente para a Europa. Com a economia em crise o número caiu para em torno de 70 a 80 pessoas. “As pessoas têm vontade de viajar, mas não têm dinheiro”, frisa, destacando que as mudanças na economia fizeram com que a classe média emergente não sobre mais dinheiro para viagens.
Segundo Ismael há, inclusive, destinos no Brasil que têm baixado o valor das diárias em função da queda no número de turistas. Para ele, a reversão no quadro deve acontecer somente quando o país recuperar a confiança do mercado e a economia estiver mais estável.
Aposta na região
O jornalista e empreendedor de turismo Alício de Assunção tem apostado forte nas particularidades do interior. Em 2011 criou o Passeios na Colônia, que já movimentou cerca de 11 mil visitantes para percorrer a pé, cerca de dois mil quilômetros por 28 municípios da região. “São pessoas que caminham por várias partes do mundo, mas a maioria não conhece nossa região. Enfim, acreditamos que o turismo pode ajudar a desenvolver uma região, ser uma fonte de renda para quem vive no interior, e também proporcionar momentos de lazer, além de fazer bem para o espírito, a alma e o corpo, como as caminhadas. A receita para o Vale despertar para isso é bem fácil: sair da teoria e ir para a prática. Falo por experiência própria”, salienta, destacando que poucas iniciativas são criadas para atrair visitantes ao Vale do Taquari.
Cita o exemplo do trem turístico da Ferrovia do Trigo, já mencionado há mais de 20 anos e, por enquanto, existe apenas nos sonhos e projetos. “Enquanto isso, temos alguns roteiros consolidados, mas precisamos pensar maior e agir rapidamente”, observa.