Meu primeiro emprego como jornalista foi no Informativo – que à época não tinha o adendo “do Vale” como atualmente -, de Lajeado. Foi um ensaio para depois trabalhar no O Alto Taquari. Os dois veículos pertenciam a Oswaldo Carlos Van Leeuwen, um dos mais importantes empresários e empreendedores da comunicação no Rio Grande do Sul.
O Alto Taquari funcionava em uma sala no subsolo da Prefeitura de Arroio do Meio, ao lado da Junta do Serviço Militar. Eu era o único funcionário e tinha cerca de 16 anos de idade. Quando falo para alunos de Jornalismo conto muitas histórias desta época, repleta de aventuras que à época pareciam simples rotina. Conto para a gurizada que costumava sair para cumprir minhas pautas carregando três diferentes blocos.
No conjunto de folhas fazia as anotações que serviriam de base para redigir a reportagem. Quando eu notava que o entrevistado estava receptivo, sacava o segundo bloco para vender uma assinatura do jornal. E se o assunto evoluía de verdade, e a fonte da notícia era proprietário de algum estabelecimento comercial ou de serviço, entrava em cena o bloco de publicidade para comercializar um anúncio.
As experiências no interior foram fundamentais para enfrentar todos os desafios profissionais
Como único empregado, cumpria todas as funções necessárias à confecção de um jornal, da pauta à diagramação, que é a distribuição das matérias e anúncios em cada página. A exceção eram as fotos, feitas em parceria com os fotógrafos profissionais da cidade – Renato “Náno” Kist e os irmãos Knecht, incansáveis amigos que cumpriam todas as pautas que passava a eles.
As primeiras cinco edições de O Alto Taquari foram inesquecíveis. Além de trabalhar sozinho na confecção de cada página ajudei a distribuir os exemplares de casa em casa, gratuitamente. Era preciso mostrar aos leitores que o jornal retornara à circulação, com uma nova proposta em relação ao dono anterior da publicação.
A grande vantagem de trabalhar em veículos de comunicação do interior – rádio e jornal – é a possibilidade aprender todas as funções. Não existe esta história de “não é minha função”. Todo mundo faz de tudo, e isso acontece até hoje.
Foi uma grande escola, ao lado dos tempos de O Informativo do Vale e Gazeta do Sul (de Santa Cruz do Sul), além das rádios Independente (Lajeado) e Gazeta AM e FM (Santa Cruz). Ao chegar à poderosa Zero Hora, fiquei nervoso, mas o aprendizado nos veículos do interior foram fundamentais na minha formação profissional e emocional para enfrentar qualquer desafio no jornalismo. Tenho enorme gratidão a todos que viabilizaram estas experiências.