Na semana passada centenas de juízes federais paralisaram atividades para defender o auxílio-moradia no valor de R$ 4.377 por mês a título de compensação pela falta de reajustes nos salários que variam de R$ 27 a 33,7 mil reais por mês. Além deste auxílio, os juízes têm outros benefícios como auxílio-alimentação que é pago em todos os estados, ou em alguns outros, benefícios como ajuda de custo para transporte ou auxílio-saúde ou férias de quase 60 dias por ano.
Felizmente nem todos os magistrados concordam ou aderiram ao movimento até porque é muito descabido e, mesmo que seja legal, não é ético. A média salarial do brasileiro é em torno de R$ 1.226 e o que os juízes querem manter como auxílio-moradia é superior à renda de 90% da população. Diante da pressão popular e polêmica, e o próprio debate que se acirra entre juízes com posições diferentes, o auxílio-moradia que vem sendo pago a juízes, membros do Ministério Público e conselheiros dos Tribunais de Contas acabou sendo mesmo tirado da pauta.
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Comparando, o Brasil continua sendo um país de muitas desigualdades, onde não faltam privilegiados criticando até mesmo o Bolsa Família que não deve ser dado de forma permanente, mas para quem realmente está na linha da pobreza. Atualmente as famílias que estão na linha da extrema pobreza ou pobreza recebem no máximo R$ 336 como explica Jaqueline Kuhn, que trabalha no Cras de Arroio do Meio. Já para quem se enquadra na linha da pobreza, o valor máximo a receber em benefício é de R$ 259. Para estar cadastrado no programa, e receber o benefício, a família tem que atender variáveis em relação à renda própria e número de filhos (crianças e adolescentes) que vão definir o valor a ser recebido. Em Arroio do Meio são 134 famílias cadastradas e no mês de março juntas, elas receberam R$ 21.546. A média recebida pelas famílias cadastradas no programa foi de R$ 160, valor que certamente ajuda estas famílias, mas que na composição de uma vida mais digna não impacta muito.
Justiça para todos
O Brasil avançou muito em termos de Justiça nos últimos anos principalmente em relação à Operação Lava-Jato. Neste sentido, o entendimento do Supremo desde 2016, que é possível iniciar a execução da pena logo após a decisão da segunda instância não deveria nem ser pautado só para proteger um ou mais políticos poderosos.
Recuperação da economia e controle de contas
Estamos vendo em várias frentes um discurso de que a economia está se recuperando. Alguns economistas chegam a falar de que teremos este ano um aumento no PIB de 3,5%. Se o crescimento for confirmado, ele dificilmente atingirá todas as regiões. O mais certo é que estamos em ano eleitoral e diante do fato o governo procura criar um clima positivo em torno da economia. Quando o presidente Temer assumiu, destacou que o crescimento dependeria do ajuste fiscal e das reformas. Como a Reforma da Previdência não saiu, o ajuste fiscal nas contas públicas ficou paralisado. Ou seja: não dá para se iludir de que está tudo bem. Pelo contrário. Há uma grande dificuldade que assombra a maioria das empresas e trabalhadores.
Discurso de campanha
O que se espera é que assim que a campanha eleitoral for para a rua, os candidatos tenham coragem e discutam prós e contras da Reforma da Previdência, Política, Tributária. Que os candidatos debatam e se posicionem em âmbito nacional, nos estados sobre corte de privilégios. O que farão para que o ajuste fiscal tão necessário comece pelo controle das contas públicas? Para que a população não pague sempre as contas? Que medidas tomarão para incentivar a produção? Em que termos farão investimentos em educação, saúde e segurança, com propostas concretas e não meras promessas?