Por seis votos a cinco, incluindo o voto de desempate da ministra presidente, Cármen Lúcia, a Corte negou o pedido de defesa de Lula pela sua liberdade. O voto decisivo foi da ministra Rosa Weber que alegou manter coerência já que votou de forma parecida em votações anteriores. Era o voto dela que seria decisivo, uma vez que dos demais, por votações anteriores ou por entrevistas dadas na imprensa era deduzido o veredito. O primeiro a votar foi o Ministro Gilmar Mendes que decidiu a favor da defesa de Lula. Para não perder o voo a Portugal, onde tinha outros compromissos pediu que o voto fosse antecipado, no julgamento que começou às 14h e durou quase 11 horas. A atitude recebeu muitas críticas e foi vista como se o julgamento em questão fosse de segunda importância. Votaram a favor de Lula além de Gilmar Mendes, os ministros Dias Toffoli, Marco Aurélio, Ricardo Lewandovski e Celso de Mello.
Edson Fachin, Alexandre Morais, Roberto Barroso, Rosa Weber e Luiz Fux votaram contra a concessão do protelamento de defesa impetrada pelos advogados da defesa de Lula.
Mudança política e jurídica
Com a votação de quarta-feira ainda cabem recursos ao ex-presidente Lula, no TRF -4, onde os advogados de defesa podem pedir até o dia de 10 de abril, análise dos embargos já negados. Depois desta decisão, o juiz Sérgio Moro pode pedir a prisão e quando estiver preso ainda cabem recursos ao ex-presidente Lula, que dificilmente terá seu nome liberado para concorrer a presidente da República por ser vetado na Lei da Ficha Limpa.
Com o rumo dos acontecimentos é preciso dizer que Lula não é nenhum demônio. Ele foi um dos políticos mais importantes que o país já teve, principalmente nos discursos e programas a favor dos mais pobres. Mas num regime democrático também precisa responder pelos seus erros. É importante que se destaque que Lula não é o único gestor político ou privado que cometeu crimes, mas a ele foi aplicada a lei, assim como tem sido a vários outros empresários, políticos e agentes principalmente a partir da Lava Jato. Esta é a expectativa e esperança do povo brasileiro.
Mas engana-se quem pensa que finalmente vamos banir a corrupção deste país. Não. Mas aos poucos vamos combatendo e lutando contra a impunidade. Este é um longo e penoso exercício.
O ministro José Barroso, que aliás, foi um dos indicados ao STF pela ex-presidente Dilma Rousseff tem dito e defendido: “A minha análise é de que celebrou-se de longa data, e com renovação constante, um pacto oligárquico, de saque ao Estado brasileiro, celebrado entre parte da classe política, parte de empresariado brasileiro e burocracia estatal. O Brasil se deu conta de que vivenciávamos uma corrupção que era sistêmica, endêmica. Não era produto de falhas individuais, de pequenas fraquezas humanas, era o programa, um modo de conduzir o país com um nível de contágio espantoso, que envolvia empresas públicas, privadas, agente públicos, privados, membros do Congresso, Executivo, da inciativa privada. Foi espantoso, o que aconteceu no Brasil”. As palavras foram ditas pelo ministro do STF Luís Roberto Barroso, durante o Forum da ONU sobre Segurança Humana , em São Paulo, no início da semana. Na quarta-feira, foi um dos que votou contra o habeas corpus ao presidente Lula, seguindo a mesma linha de raciocínio com negativa para o HC , já que a condenação já havia sido dada em segunda instância.
Barroso disse ainda que há uma onda contra a corrupção e que “estamos fazendo um esforço no Brasil para tomá-lo das mãos da elite extrativista e devolvê-lo à sociedade para que as pessoas, possam ser livres, iguais, participantes e possam confiar umas nas outras.”
Oportunidade
Com a guerra comercial entre Estados Unidos e China por conta da tarifação da importação do aço e do alumínio, a China dá o troco e vai tarifar vários produtos que são vendidos pelos Estados Unidos. Um destes produtos é a carne suína. No ano passado, os Estados Unidos venderam 275 mil toneladas de carne suína para a China. O Brasil, 48 mil toneladas. Com o tarifaço de 25%, para os Estados Unidos, o mercado chinês pode representar oportunidade de ampliar as vendas neste mercado para o Brasil a um preço mais competitivo. Claro que depende de uma série de fatores inclusive que os frigoríficos se habilitem.