O anúncio da duplicação da BR-386 entre Lajeado e Iraí, anima marques-souzenses para uma grande oportunidade de desenvolvimento socioeconômico. O município será um dos primeiros contemplados pelo projeto de duplicação da concessão da Rodovia Integração Sul (BR-101/290/386/448).
As obras devem ser iniciadas em 2022 no perímetro urbano e em 2026 no rural. Antes disso, o Grupo CCR, vencedor da licitação, irá realizar operações tapa buracos, melhorar a sinalização e implantar as praças de pedágio ao longo das rodovias concedidas pelo governo.
Além da melhoria estrutural no trajeto de 27,3 km que a BR-386 atravessa em Marques de Souza, a obra despertará novos negócios no entorno do território que é agraciado pelas várzeas do arroio Forqueta, e valorizará estabelecimentos e propriedades já existentes.
Entretanto, algumas questões técnicas vão implicar numa mudança de comportamento dos motoristas da comunidade. Travessias feitas de forma simples entre as comunidades, vão ser mais complexas, uma vez que o número de retornos e travessias será reduzido e oferecido em pontos estratégicos.
As mais de 90 travessias feitas diretamente para vias de localidades, estabelecimentos e propriedades privadas, ficarão concentradas em 12 pontos estratégicos, com dois entroncamentos nos acessos para as rodovias ERS-423 (Progresso) e ERS-421 (Forquetinha), retornos de nível no km 310 em Bela Vista do Fão , km 312 em Picada May, km 322 em Linha Bastos, km 329 nas várzeas de Picada Flor e km 335 em Linha Perau. Também está prevista a melhoria das vias de retorno já existentes nas pontes e viadutos próximos ao trevo, entrada de Tamanduá e Bela Vista do Fão, o asfaltamento de oito vias marginais e a construção de uma passarela entre o Centro e o bairro Cidade D’Água.
Todo detalhamento do projeto está no Programa De Exploração da Rodovia (PER), que pode ser consultado na Agência Nacional de Transportes Terrestres.
“Confiamos nos técnicos”
O prefeito Edmilson Döor, explica que o projeto técnico já foi apresentado ao Conselho Municipal do Desenvolvimento (Comude) e bem aceito pelos integrantes. Apesar da mudança radical e cultural no comportamento dos transeuntes, a obra é vista com bons olhos pela entidade. “Todo progresso gera inconvenientes. Os cidadãos terão que planejar melhor seus deslocamentos. Temos que observar e confiar no que está tecnicamente correto. Nem sempre o que é mais conveniente é seguro. É preciso lembrar que muitas vidas, inclusive de marques-souzenses já foram perdidas”, reitera. Entre outras vantagens está o rateio proporcional o ISSQN dos impostos das tarifas de pedágio proporcionalmente a cada município com base na quilometragem.
A BR-386 é a principal via de ligação entre as localidades do interior do município. A abertura de novas estradas municipais para aproximar as comunidades, no momento é considerada inviável especialmente em decorrência de obstáculos naturais, como arroios, que demandariam de novas pontes, paredões de rochas, que necessitam de detonações e banhados que precisariam ser aterrados.
O município terá cinco anos para implantar a iluminação lateral na via. Outro impacto será o recuo viário na faixa de domínio do Dnit, que pode impactar em desapropriações, mediante a avaliação técnica.
Desenvolvimento estrutural, qualidade de vida, segurança e competitividade
Natural de Marques de Souza, a presidente do Conselho do Desenvolvimento do Vale do Taquari, Cíntia Agostini, pontua as evoluções nas negociações depois de três anos de debates acirrados nos campos técnico e político até o processo licitatório vencido pelo Grupo CCR.
O valor da tarifa inicial do pedágio que já esteve cotado em R$ 13,54 será de R$ 4,30. Outras questões relevantes são um cronograma impositivo de obras e cláusulas punitivas. “Não podemos interpretar a tarifa como mais uma taxa e sim como investimento. O antigo pedágio era caro e ineficiente, o que não deixou boas lembranças. Mas apesar do novo contrato estar bem elaborado, a execução exigirá acompanhamento pelos próximos 30 anos”, dimensiona.
A presidente estima um custo logístico menor, pois o tempo de deslocamento e a manutenção dos veículos vão diminuir, além das condições de segurança, sinalização, balanças obrigatórias, área de descanso e guincho. “A BR-386 que era para ser chamada de Rodovia da Produção, acabou virando a Rodovia da Morte. Felizmente as futuras gerações poderão transitar por uma rodovia com mais qualidade e vivenciar melhores condições de competividade”, declara.
Pelo trecho marques-souzense trafegam mais de 18 mil veículos por dia. Nos últimos quatro anos foram registrados 164 acidentes, 138 lesões leves, 42 lesões graves e 12 mortos.
A empresa, vencedora da licitação, já é concessionária de mais de 2,4 mil quilômetros de rodovias no país, incluindo as rodovias Presidente Dutra, que liga São Paulo ao Rio de Janeiro, o sistema Anhanguera-Bandeirantes, a Via Oeste e a SP Vias, todas em São Paulo. Durante os 30 anos de concessão, deverá investir R$ 7,8 bilhões em obras e R$ 5,6 bilhões em manutenção no trecho rodoviário no RS.