Acompanho com interesse as decisões/promessas de ano novo que vejo fazerem. São resoluções que, às vezes, incluem projetos para as férias de verão. Em geral, as listas são ambiciosas. Há um certo afã de compensar o que ficou para trás, de resgatar o tempo perdido. Seria a frustração tentando cobrar o atrasado?
Fazer mais exercícios, ler livros interessantes, aprender inglês, aumentar o tempo com as pessoas queridas, perder peso, viajar… projetos não faltam.
Fiquei me perguntando por que a gente não investe energia em lembrar daquilo que foi bom. Olhar para trás e recolher momentos, fatos, ações entre os tesouros que o ano possibilitou viver. Seria um outro jeito de preparar o tempo que vem por aí, sem ficar com a sensação de devedor pendurado que, agora, tem de suar em dobro para pagar a dívida…
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Entre as joias que amealhei em 2018, eu listo o nascimento de um neto, os passeios em cidades desconhecidas, a consolidação de uma grande amizade, presença em dois shows memoráveis. Ativei o botão da coragem também: botei o pé na água fria do Mar Negro, fotografei mulheres de burca e me arrisquei a ocupar um espaçozinho na rádio, com o “Prazer em Conhecer”. As experiências amargas vou esquecer, deixar fora da vista e de todas as listas. Xô, as amargas não…
Li muito no ano passado. Nem todos os livros foram ótimos, mas houve alguns que, nossa! Valeram cada minuto. Se você pegar carona, aí vai a lista dos meus campeões de 2018:
– “A uruguaia” de Pedro Mairal;
– “Carta ao pai” de Franz Kafka;
– “A morte de Ivan Ilitch” de Leon Tolstoi;
– “Canção de ninar” de Leila Slimani;
– “As cinzas de Angela” de Frank McCourt;
– “Autobiografia” de Agatha Christie;
– “A máquina de fazer espanhóis” de Valter Hugo Mãe;
– “Pecar e perdoar” de Leandro Karnal:
– “O poder do discurso materno” de Laura Gutman;
– “Bendita sejam as moças” de Antônio Maria;
– “Dias na Birmânia” de George Orwell;
– “Minha primeira vez” de Luiz Ruffato;
– “Para educar crianças feministas” de Chimamanda Ngozi Adichie;
– “Submissão” de Michel Houellebecq;
– “Um rio que vem da Grécia” de Claudio Moreno;
– “Negrinha” de Monteiro Lobato;
– “O vendedor de passado” de José Eduardo Agualusa;
– “Hoje eu venci o câncer” de David Coimbra;
– “O homem que amava os cachorros” de Leonardo Padura