Prefeito em exercício de Travesseiro, até o feriado de aniversário de emancipação de 28 anos, comemorado quarta-feira, dia 20, Sérgio Odilo Nied, detalhou investimentos que vem sendo realizados, resultados da gestão e desafios em torno de realizações que vão depender do apoio da Câmara de Vereadores.
Nied, que já foi prefeito por dois anos e um mês, entre 1999 e 2000, após o falecimento de Egon Anschau, ocupa o cargo de vice pela terceira vez. Também atuou na Câmara de Vereadores em duas legislaturas e conhece, como poucos, as questões políticas e institucionais do município.
Ele lamenta o encerramento das atividades da Indústria de Laticínios e Derivados de Leite, Rancho Belo, de Picada Felipe Essig, apesar do esforço político feito em prol da diversificação da economia. A paralisação aconteceu há cerca de cinco meses. Entre os investimentos feitos pelo município, dentro do programa de incentivos, assinados pelo governo anterior, ocorreram o repasse da área de terras, terraplanagens, detonações, licenciamentos e rede elétrica, com custo de, aproximadamente, R$ 800 mil.
A condição do incentivo foi a permanência da empresa pelo período de 10 anos no município, o que não ocorreu. Entretanto, uma cláusula aprovada pela Câmara de Vereadores, teria autorizado a empresa a dar o imóvel como garantia em financiamentos para investir na unidade fabril, em torno de R$ 300 mil, porém, haveria mais de R$ 2 milhões investidos na indústria, a maior parte com recursos próprios.
O primeiro credor é o Badesul, seguido do próprio município e, posteriormente, fornecedores de matéria prima. A Administração Municipal até conseguiu atrair outros investidores para comprarem a fábrica falida e darem sequência às atividades, mas um desacordo entre os sócios, em torno da venda, impediu a concretização. “É um segmento bastante dinâmico que demanda de um capital de giro entre R$ 3 a R$ 4 milhões. Estamos cientes de que fizemos o esforço político que era possível”, comenta Nied.
O processo está tramitando na comarca de Arroio do Meio. De acordo com o juiz João Regert, o pedido de recuperação judicial foi negado segmento bastante dinâmico que demanda de um capital de giro entre R$ 3 a R$ 4 milhões. Estamos cientes de que fizemos o esforço político que era possível”, comenta Nied.
O processo está tramitando na comarca de Arroio do Meio. De acordo com o juiz João Regert, o pedido de recuperação judicial foi negado porque a atividade produtiva foi encerrada. No entanto, ainda cabe recurso. Também há processos de cobranças contra a empresa e, por parte do município de Travesseiro, de anulação da doação do imóvel.
Metalúrgica em Picada Essig
Outro impasse ocorre com a instalação de uma metalúrgica na área do antigo secador de cereais, de uma extinta associação de moradores. O imóvel de 3,9 mil metros quadrados foi devolvido ao município em 2005.
A empresa, que é especializada na fabricação e manutenção de balanças de pesagem rodoviárias, estruturas pré-moldadas, secadores de cerais, reformas de tanques de inox e serviços de serralheria em geral, se interessou na área pela boa acessibilidade de bitrens. A Administração propôs a doação da área em projeto de lei que é condicionado à permanência mínima de 10 anos e geração de empregos, mas a Câmara rejeitou a proposta, que deve voltar à pauta em sessão extraordinária.
Para Nied, uma empresa deste segmento seria importante para o desenvolvimento e diversificação das atividades no município. O vice-prefeito comemora os bons resultados da indústria de alimentos Marquez, atraída para o município no início do mandato e destaca a visão da direção que é alinhada a um mercado globalizado. “Temos buscado outras empresas e investidores para o agro, em contrapartida oferecemos uma boa prestação de serviços públicos, e os melhores índices de Desenvolvimento Humano e de Educação da Região”, acrescenta.
Distrito industrial e loteamento popular
Recentemente a Administração contratou um perito imobiliário para analisar áreas potenciais para instalação de um distrito industrial e um loteamento popular. “Vamos priorizar áreas onde será possível realizar desapropriações amigáveis, pela facilidade do trâmite. Os mais conservadores são contra loteamentos populares, devido ao choque de culturas, mas hoje a maior empresa do município tem mais da metade dos funcionários vindos de fora. É preciso analisar oportunidades”, dimensiona.
Quase R$ 1 milhão em investimentos
Nied comemora ainda os investimentos feitos em redes de abastecimentos de água e num novo poço, que contemplam as comunidades do interior, superando R$ 465 mil. Destes, R$ 254,9 mil provenientes de emenda parlamentar de Dionilso Marcon (PT). As obras envolvem a construção de um terceiro poço artesiano em Cairu, que atenderá incialmente emergências, deslocamento e modernização de redes de água em Três Saltos Alto, e entre São João e Três Saltos Baixo.
Outro anúncio é quanto à pavimentação da rua Friedhold Majolo, na no trajeto entre a Calçados Bottero e Biscoitos Ruschell, que custará R$ 263 mil e será feita com recursos próprio. As melhorias no salão do clube União São João terão investimentos de R$ 250 mil realizadas por meio de emenda parlamentar do deputado Elvino Bohn Gass (PT).
O vice-prefeito, revela que o município teria cerca de R$ 8 milhões em crédito para realização de obras públicas, mas a falta de entendimento com a Câmara de Vereadores está dificultando avanços. “Estão no direito deles, no entanto, do outro lado estão os moradores que aguardam o desenvolvimento”, pondera.
Relação com o Congresso e Governo Federal
Nied, que no início da carreira política ia a Brasília de ônibus, revela que no momento existe uma taxação partidária que não ocorria nos governos anteriores. Critica a condução da Reforma da Previdência, que excluiu as classes menos favorecidas e será desafiadora para agricultura familiar, e lamenta o abandono de programas sociais. “A economia gira em torno do dinheiro dos pobres. Uma família mais carente consome mais leite, mais queijo, mais gêneros alimentícios de forma geral, e outros produtos de baixo poder aquisitivo, que são indutores da indústria, setor de serviços e comércio. As classes mais privilegiadas não tem esse potencial de consumo. Mas é preciso esperar resultados para avaliar o novo governo de forma mais coerente”, conclui.