Assisti a uma conferência com o escritor norte-americano Paul Auster . Você pode nunca ter ouvido este nome, mas o cara é um peso-pesado da literatura. Para ter uma ideia, Auster é autor de mais de trinta livros e já foi traduzido para quarenta línguas diferentes.
O interessante é que, aos 73 anos, continua escrevendo e escrevendo à mão. Mas mais interessante do que isso, é que ele confessa que sofre muito para escrever. Disse que trabalha oito horas por dia e se considera muito satisfeito quando consegue produzir uma ou duas páginas aproveitáveis ao fim da jornada.
Não dá pra se admirar, por isso, que também sofram os pobres escrevinhadores de uma coluninha semanal, como é o caso desta que vos fala. Tem horas em que a sensação é de que no poço falta água. Ou então, de que o fogo apagou, as brasas se foram e só ficou uma cinza que escorrega pelos os dedos, mas nem esta é possível segurar…
Paul Auster não pode fazer isto, mas eu resolvo a sinuca convocando a sabedoria dos outros.
Passo a palavra, simplesmente. Vão, a seguir, algumas ideias que me impressionaram, ideias recolhidas pra lá e pra cá:
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“Não receio nada. Não anseio nada. Acho que a isto se pode chamar felicidade. A felicidade nunca é grandiosa.”
José Eduardo Agualusa
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“A vida tem de ser mais à deriva, mais ao acaso, porque quem se guarda de tudo, foge de tudo. ”
Valter Hugo Mãe
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“Devagar e manso se desata qualquer enliço, esperar vale mais que entender, janeiro afofa o que dezembro endurece.”
Guimarães Rosa
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“O nosso inimigo é o corpo. Porque o corpo é que nos ataca. Estamos finalmente perante o mais terrível dos animais, o nosso próprio bicho, o bicho que somos. Que decide que é chegado o momento de começar a desligar-nos os sentidos e decide como e quando devemos padecer de que tipo de dor ou loucura… Ser velho é viver contra o corpo.”
Valter Hugo Mãe
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“Há três maneiras de o homem conhecer a ruína: a mais rápida é pelo jogo; a mais agradável é com as mulheres; a mais segura é seguindo os conselhos de um economista.”
Roberto Campos
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O que porrada ou dinheiro não resolve é por que foi pouco.
Anônimo