O projeto avícola vai envolver diretamente 185 famílias produtoras, que irão produzir aves em nove condomínios avícolas. Cada condomínio terá condições de abastecer cinco dias úteis de abate, que representam uma semana. A produção de ovos férteis e matrizeiro será conduzida por 37 funcionários qualificados. Além dos salários, eles serão associados, tendo raízes e participação direta na tomada de decisões.
Inicialmente o frigorífico vai contar com 350 funcionários para dar início às operações, considerando uma jornada de trabalho de 48 horas de segunda à sexta-feira – um turno de abate. Futuramente, a intensão é operar com 165 operários por turno.
O investimento de R$ 200 milhões num complexo industrial e na cadeia produtiva em 10 municípios, em plena crise, é fundamentado em parcerias da Dália com pessoas que querem empreender, e conta com a sensibilidade das autoridades locais. “Acreditamos que o Brasil está passando por grande mudança política e econômica. Ainda vai passar por algumas turbulências na área política, mas está conquistando a estabilidade na economia, o que permite um planejamento com prazo maior. A nova Dália passou por uma estruturação muito grande. A projeção é de um faturamento de R$ 1,6 bilhão em 2020 e de R$ 2,7 bilhões em 2030, com três mil funcionários”, complementa Freitas.
Conforme Freitas, a gestão para a próxima década precisa ser extremamente inovadora, com análises de cenários em torno das mudanças que vão ocorrer mundialmente, impactando na maneira de fazer negócios e produzir. “Vamos ter que nos adaptar, qualificar pessoas, produtores e funcionários e dirigentes, para enfrentar o novo momento”.
Apesar da projeção de grandes faturamentos, a rentabilidade prevista é de 2,84% sobre a receita liquida. “Esta rentabilidade só será alcançada se formos enxutos, eficientes, ágeis e inovadores. Quem sobreviver vai passar por esse desafio, maior e mais forte. Quem não conseguir fica pelo caminho”, acrescentou Freitas.
Novo modelo mental dos negócios do futuro
Piccinini complementa que, além de atender às necessidades que os consumidores esperam, as mudanças estão ocorrendo cada vez mais rápidas. O desafio será sintonizar os investimentos nos complexos industriais, tecnologia e qualificação nas tomadas de decisão, para que sejam mais velozes. Por isto a Dália investe em jovens, para que frequentem cursos de gestão da propriedade e formação de novos líderes. “Antigamente uma graduação para uma atividade urbana era um legado que os pais podiam deixar aos filhos. Tendo em vista que o número de sucessores das propriedades está reduzido, é preciso investir para que os jovens fiquem no interior, para se tornarem pessoas extremamente úteis na busca incessante por novos mercados, novas formas de trabalhar, continuando os processos feitos pela Dália ao longo de 72 anos de trajetória”.
Freitas destacou a importância da mudança em andamento no Brasil, em torno da liberdade de mercado, construção de Estado mais enxuto, por meio da redução da burocracia tributária, estabilidade jurídica e investimentos em infraestrutura, favorecendo o alinhamento da economia gradativamente. Também ressaltou um novo modelo mental de trabalho, onde a capacidade de absorver tecnologias e tendências, e comprometimento serão essenciais para aceitar e superar desafios.
A mesma habilidade também precisa estar sintonizada em torno da mudança contínua dos hábitos dos consumidores, a concorrência com indústrias de proteína vegetal e laboratório, e posicionamentos de ONGs quanto ao bem-estar animal e defesa do meio ambiente. E, por outro lado, é preciso garantir qualidade de vida e renda para os associados, por meio de diferentes modelos de associativismo, projetos mais tecnificados, com mais automação, permitindo que o produtor rural também tire férias e tenha uma vida digna.
Picinini explicou que a evolução das parcerias público-privadas, tem base na história, projetos desenvolvidos e credibilidade. No entanto, observa que apesar dos investimentos nas plantas industriais, os maiores patrimônios da empresa são a bacia leiteira e cadeias produtivas na suinocultura, avicultura e produção de grãos. “Também é preciso encontrar gente interessada em investir […] convencer em torno da viabilidade e oportunidades para melhorar as condições de vida, sucessão familiar, mesmo que sejam profissionais que já atuam do meio urbano”.
Freitas também detalhou a diferença entre cooperativa e S/As e Ltdas. Enquanto as empresas privadas podem focar mais na liquidez e lucratividade, as cooperativas têm o compromisso de resolver problemas socioeconômicos dos produtores, que muitas vezes moram em regiões remotas do Brasil. Destaca que o RS perdeu competividade, mas o “azar é dos gaúchos”. Por isso é preciso determinação para ser melhor que a média, com inovação contínua”, disse.
Freitas frisou que para evoluir nos investimentos público-privados, primeiro é preciso convencer o Conselho Administrativo, vender a ideia para os administradores municipais, tendo a certeza de que são projetos em que toda a população se beneficia. Conforme ele, neste novo tipo de projeto, os colaboradores, produtores e parceiros, precisam ter um conhecimento de vida e sabedoria para pensar na coletividade – nas mais de três mil famílias relacionadas à empresa e comunidades do interior.