Na casa da professora da rede municipal Elisabete Hammes, em Arroio Grande, há muita energia e disciplina. Mãe de Antônio, sete anos, Arthur, cinco e Ana Luísa, três, Elisabete entende a necessidade do isolamento social e frente a isso tenta aproveitar da melhor maneira o momento com os filhos. Tem organizado um cronograma diário para que as crianças, especialmente os meninos, que frequentam a escola e estão com as aulas suspensas, tenham melhor aproveitamento do período. “De manhã faço atividades pedagógicas com eles. Planejo algo para cada nível. Esse para mim está sendo o maior desafio. À tarde, passamos o tempo todo brincando, inventando coisas no pátio, fazendo acampamentos, piqueniques. Meus filhos praticamente não sabem jogar jogos on-line. Entretenho eles no pátio o tempo todo”, declara, observando que suas obrigações ligadas à escola tem feito à noite, quando estão dormindo. Nos dias de chuva, o que tem sido raro, as atividades são na sala. “Quando questiono eles sobre o coronavírus, eles me dizem que estão amando, pois a mãe fica em casa com eles. Só se queixam de saudades dos primos e dos amigos”.
Como mãe, Elisabete está angustiada com a pandemia e com a questão econômica decorrente desta, mas quando está com os filhos, procura não pensar nisso, para não deixá-los preocupados. Como aspecto positivo, vê a oportunidade de conviver com as crianças. “Acho que nunca fiquei tanto tempo com eles. Não saio de casa, estamos juntos o tempo todo. Às vezes meio pirada, pois as crianças são incansáveis, mas está sendo interessante. Consigo dar atenção aos três, fazemos coisas que certamente não faríamos se estivesse dando aula”. Preocupa-se também em relação à aprendizagem deles, especialmente do Antônio, que está sendo alfabetizado. “Fico angustiada com isso, pois é uma relação diferente. Apesar de ser professora, não sou professora dos meus filhos e alfabetização não é área em que atuo”, destaca, salientando que o contato com outras crianças também é importante para o desenvolvimento da sociabilidade. “Eles têm o privilégio de ter irmãos, brincam o tempo todo, convivem também com os avós, mas mesmo assim a socialização com outras pessoas é importantíssima”.
Para o Dia das Mães, Elisabete não nutre muitas expectativas, mas sabe que será uma data comemorada de forma diferente. “Passaremos juntos e terei o privilégio de passar com minha mãe também, já que dividimos o mesmo pátio. Já meu marido não poderá visitar a sua mãe, e isso provavelmente acontecerá em várias famílias”.
