Uma das melhores coisas da vida é fazer o que se gosta. O trabalho prazeroso é uma dádiva de valor imensurável. Acordar e encarar o dia como passatempo não tem preço. Como jornalista há mais de 40 anos, tive (e tenho) o privilégio de conhecer inúmeras pessoas competentes em sua área de atuação. Também convivo com gente ética, outros solidários, alguns perseverantes e aqueles que mesmo sofrendo sorriem.
Outro presente que recebi ao longo da carreira foi trabalhar em jornais e emissoras de rádios do interior e de Porto Alegre. Isso permitiu forjar uma cultura baseada em inúmeras experiências, visões diferentes de vida. No Vale do Taquari fui abençoado com a convivência junto a dois gigantes da comunicação: o radialista Lauro Mathias Müller e o jornalista Oswaldo van Leeuwen, falecido esta semana em Lajeado.
Não bastasse serem ícones da comunicação do RS, ambos foram grandes amigos do meu pai – Gilberto Delmar Jasper -, colunista do nosso O Alto Taquari. Graças à proximidade tive a inesquecível experiência de trabalhar na Rádio Independente/Tropical/Revista Salto e no Informativo do Vale.
Agradeço pelo privilégio de ter convivido
com estes gigantes da comunicação
O maior aprendizado foi a valorização e importância da comunidade. Em palestras que ministro em faculdades de Jornalismo repito que nos veículos do Interior é possível “fazer a diferença” e não ser apenas um a mais.
Ao trabalhar em uma rádio ou jornal do Interior é possível sentir, no contato diário com as pessoas, a valorização da nossa atividade. É possível, de verdade, transformar a realidade das pessoas – costumo repetir à gurizada que muitas vezes resiste em deixar a cidade grande.
Lauro Müller e Oswaldo van Leeuwen tinham ligação visceral com a comunidade. O exemplo deles foi tão arrebatador que se transformara em legado, marcas registradas em suas empresas. O desaparecimento destes líderes fortaleceu o exemplo de dedicação às pessoas, empresas e instituições do Vale do Taquari.
Os tempos mudaram. A tecnologia invadiu e transformou as rotinas da comunicação. Processos mudaram radicalmente. O único insumo que não mudou – e do qual não podemos jamais nos afastar – é a ética que deve nortear nossa atividade pessoal e profissional.
Agradeço, do fundo do coração, o privilégio de ter privado com estes gigantes da comunicação comunitária da região. Obrigado, Lauro Mathias Müller e Oswaldo Carlos van Leeuwen. Vocês dignificam a nossa atividade e condição humana de todos nós!