Biografia, você sabe, é a narração dos fatos da vida de alguém. Há biografias famosas, como aquela escrita a partir dos diários de Getúlio Vargas e aquela sobre Paulo Coelho. Sem falar na biografia que Roberto Carlos não queria deixar publicar. Agora, se falarmos em autobiografia, estaremos indicando o livro em que o autor é ao mesmo tempo o objeto da biografia. Ou seja, neste caso quem conta a história é o próprio biografado.
A autobiografia tem vantagens. A pessoa que fala de si pode escolher o que vai contar e o que vai esquecer. Por outro lado, permite divulgar qual é a interpretação de um fato que é feita pela pessoa que viveu aquele fato.
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Como muita gente, adoro ler biografias e autobiografias. Acho que já contei aqui que não sou de guardar os livros que leio. Minhas estantes têm um tamanho X e “c’est finit”. Quer dizer, estou decidida a não lhes dar mais espaço. Por isso mesmo, tenho o costume de passar os livros adiante. Só fico com aqueles de que gosto muito – aqueles que têm chance de ser consultados ou lidos novamente. Bom, você aí pode apostar que é difícil uma biografia sair da minha casa…
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Entre as preferidas, coloco a biografia de Vinícius de Morrais e a biografia de Garrincha. Entre as autobiografias, a medalha vai para a de Agatha Christie, a rainha do romance policial, autora de mais de oitenta livros.
Agora estou novamente com uma autobiografia nas mãos. Foi escrita pela famosa atriz sueca Ingrid Bergman em colaboração com Alan Burgess. Ingrid escreveu o livro a pedido de um dos seus filhos, Roberto Rossellini, e se decidiu a fazê-lo a partir do seguinte comentário: “Mamãe, você não percebe que quando morrer, muita gente se atirará sobre a história de sua vida, usando informações de colunas de mexericos, boatos e entrevistas?”
Com essa provocação Ingrid Bergman encarou a tarefa de contar – e ela tinha muito para contar. O livro é brilhante. Brilhante como ela foi no cinema.
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Não sei bem por que as histórias da vida real agradam tanto. Provavelmente, tem a ver com nosso gosto de espiolhar a vida dos outros… Outra coisa que colabora é a vontade de aprender com as pessoas que admiramos. Acho que as melhores biografias ou autobiografias focalizam pessoas com grandes qualidades, que não fazem pose de bacana. Os melhores livros falam de glórias, sim, mas não sonegam as dificuldades, os fracassos. E, claro, são livros bem escritos – o que é mais difícil de encontrar por aí do que pode parecer.
Observar o conjunto de uma vida significa também a chance de exercitar a humildade. Por mais genial e famoso que alguém fosse, encontrou limites, equivocou-se e teve/terá de morrer no final. Como dizem os budistas: “Nada é perfeito; nada é permanente; nada está completo.”