O final de semana foi um prenúncio do quem vem por aí. Vento, garoa, umidade, nuvens escuras, vontade zero de sair debaixo das cobertas marcaram o sábado e o domingo. A previsão do tempo da última segunda-feira indicava que teremos chuva hoje (sexta-feira) que deve cessar no sábado com o retorno do frio.
A meteorologia também indica que contrariando uma das mais famosas tradições gaúchas, este ano não teremos o “veranico” de maio, nem de junho. Tudo por causa da sucessão de frentes frias que entrarão rachando pelos países hermanos do Mercosul.
Sempre gostei do inverno. Observe o tempo do verbo, prezado (a) leitor (a): gostei! De alguns anos para cá, quando a idade começou a pesar de verdade, aderi ao verão, embora o ideal seja o outono com suas manhãs e noites geladinhas e tardes amenas, sem loucuras extremas nos termômetros.
Falar do clima – ou do tempo, como dizemos no cotidiano – é esporte tão popular quando reclamar de tudo e, desde o ano passado, da pandemia. Todos os dias recebo um vídeo do Cléo Kuhn, famoso meteorologista da praça, conhecido pela voz parecida com a do Barney, dos Flintstones, e pela pão-durice apregoada pelos colegas da Rádio Gaúcha.
Todos os anos gastamos bilhões com os prejuízos
causados por desastres naturais repetidos
Repasso estes vídeos para vários amigos, mas quando esqueço eles reclamam na hora, comprovando a popularidade da previsão do tempo. Nos países desenvolvidos, trata-se de uma ciência respeitada, especialmente pelos produtores rurais e indústrias do setor primário.
Sindicatos e associações de agricultores, unidos às empresas de diversos segmentos, realizam pesados investimentos em satélites, aviões para bombardear nuvens e provocar chuvas na estiagem e na aquisição de uma infindável parafernália tecnológica. O objetivo é um só: evitar quebras e prejuízos de safras, instrumento de sustento de milhões de famílias.
No Brasil, a meteorologia continua uma espécie de ciência marginal, encarada com deboche pela maioria das pessoas. Gastam-se bilhões em dinheiro público, nosso dinheiro, com as perdas com enchentes, vendavais e outros fenômenos naturais, sem falar de vidas humanas. Qualquer tentativa de valorizar a meteorologia esbarra na desculpa de que se tratam despesas enormes, mas basta somar os gastos na reconstrução de casas, pontes, ruas, estradas e prédios a cada tormenta.
Estes investimentos poupariam muitos incômodos, quebras bilionárias de safras e gasto de dinheiro no pós-desastre. Enquanto não levarmos a sério as idas e vindas do clima, continuaremos a amargar muitos prejuízos e sofrimento humano.