O casal Marit e Hans Gerhard Finke celebra 55 anos de casamento em 2021. Uma história de amor que iniciou de uma maneira muito particular, ela no Brasil e ele na Alemanha, e que foi se construindo sob os alicerces do respeito, valores, família e fé. Depois de tantos anos juntos, relatam que um dos “segredos” para uma boa relação é respeitar o jeito de ser do outro e não tentar mudá-lo. Depois de muitos desafios superados juntos, consideram que todo o dia é Dia dos Namorados e uma ocasião para se querer bem.
Eles se conheceram em Santa Catarina, na década de 1960, quando Marit trabalhava em um hospital e, como era a única que falava alemão, foi chamada para intermediar a conversa com Hans, um jovem natural da Alemanha que veio ao Brasil para gerenciar uma marcenaria. Hans era um rapaz reservado e de poucas palavras. Ele e Marit se viram e estiveram juntos várias vezes depois, pois tinham amigos em comum. Contudo, nunca houve uma aproximação que pudesse desencadear um namoro.
Passado o período de estadia no Brasil, Hans voltou para a Alemanha. Foi aí que começou a história de amor que os une até hoje. Fisicamente separados por um oceano, foram as cartas, que demoravam muitas semanas para chegar, que aproximaram os dois, transformando a amizade em namoro. Em 1966, Marit foi para a Alemanha para ficar com o namorado, que logo depois se tornaria marido. Foram 17 dias a bordo de um navio, mas valeu a pena. “Fui muito bem acolhida por ele e sua família”, conta.
Não demorou muito para que os jovens se casassem. Ficaram residindo na Alemanha por oito meses e, então, decidiram voltar ao Brasil. Se estabeleceram no sítio do pai de Marit, no Paraná. Nesta época ela começou a lecionar e, em 1969, nasceu a primeira filha, Cornélia. Ainda com a filha bebê, o casal mudou-se para a Alemanha, onde Hans fez mestrado em marcenaria.
Foi naquele país que a família aumentou. O casal, que tinha ouvido dos médicos que não poderia ter outro filho, resolveu adotar um menino alemão, Hans Harald. Mas, para surpresa, logo depois Marit engravidou de Andreas. Quando o menino tinha oito meses, por questões profissionais, a família mudou-se para Camarões. Foram três anos no país africano, seguida de uma rápida estadia na Alemanha, até que veio a mudança definitiva para o Brasil.
Depois de um período em São Paulo, se estabeleceram no Piauí. Hans sempre trabalhou com marcenaria e foi graças à profissão que a família chegou ao Rio Grande do Sul. Foi num jornal que ele anunciou sua experiência com madeira, o que chamou a atenção de uma grande marcenaria de Lajeado. Foi convidado a conhecer a região e, de cara, se apaixonou pelas características geográficas, muito parecidas com as da Alemanha. Dois meses depois de chegar à região, adquiriram um imóvel em Arroio do Meio, na Barra do Forqueta, onde ainda residem.
O casal conta que houve momentos difíceis, especialmente por questões de saúde, mas o amor e a fé sempre os mantiveram juntos e em harmonia. Os cinco filhos – adotaram duas meninas, Marlete e Marciane, em Arroio do Meio, em 1984 – lhe renderam muitas alegrias, 10 netos, e a certeza de que tudo valeu a pena.
Hoje moram sozinhos e mantêm viva a chama do amor, que também se traduz em parceria, aconchego, tolerância e cuidado. Mantém uma rotina conjunta, que inclui música durante o dia e filmes à noite. Gostam de ter momentos para seus hobbies. Marit gosta de mexer na terra, seja na horta ou com as flores, enquanto Hans se dedica ao conserto de ferramentas, máquinas e eletrônicos. Ambos gostam de usar o computador, especialmente para ter notícias dos familiares que moram distante. São enfáticos em dizer que o amor é uma construção e que é preciso respeitar o espaço do outro, relevar pequenos deslizes e trabalhar em conjunto para uma vida em harmonia.