A expressão “cabeça-de-vento” não tem sentido lá muito positivo. Quando usada para descrever alguém, sai de perto. Equivale a dizer que o cara é um desmiolado. Um Cabeça-de-vento pertence ao naipe de quem fala, fala e só vai pensar depois – se é que um dia vai…
Também se encaixa na categoria a pessoa que sai fazendo, corre pra cima e pra baixo, antes de dedicar algum espaço para avaliar o assunto. Ou aquele que não mede consequências. Simplesmente faz e “depois-a-gente-vê-que-bicho-dá”. Em geral, claro, dá tudo errado. Bem ensina um ditado antigo: “quem espalha ventos colhe tempestades”.
É isso aí! Por mais que você possa gostar de vento, não vai ficar contente se alguém lhe aplicar o apelido citado acima.
O passo seguinte é um desafio. Descobrir como se faz para fugir de um apelido assim. Cabeça não pode servir para transportar vento. Mas como tirar partido da cabeça que ganhamos? É. O desafio é este: como melhorar nossa cabeça?
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O assunto me veio à mente ao mexer com o tema do vento, para a última edição do “Sala de Espera”, na rádio Independente. Acontece que percebi que o vento é como… como tudo. Se o vento pega de um jeito é bom, se pega de outro, pode ser ruim, médio ou devastador.
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Acho que – pra não ser cabeça-de-vento – a primeira coisa é dar chance pra cabeça. Ou seja, não viver como se a utilidade dela fosse segurar orelhas… Usar a cabeça é pensar antes de falar ou de fazer. Isto de agir somente com o coração, funciona bem no dia dos namorados ou junto a quem nos ama. Fora disso pode ser como certos pastéis que nos deixam a sensação de logro, os “pastéis de vento”.
Tenho ouvido dizer que, mais do que nascer inteligente, inteligente é como a gente fica, caso exercitar bastante. Parecido com o que acontece com nosso condicionamento físico.
A questão central é alargar os limites pessoais. Conversar com gente boa é recomendável sempre. Ouvir quem sabe mais, idem, idem. A burrice é tão contagiosa como a gripe – dizem os entendidos.
Assistir a programas que contêm ideias novas, também é uma pedida. Viajar (coisa que agora não dá) colabora muito. E ler, claro, ler é a forma mais prática, barata e simples de fazer exercício com a cabeça. Ler é um jeito de calibrar miolos e deixar eles tinindo.
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No fim das contas, uma boa receita pra trocar vento por algo mais substancioso dentro da cabeça seria essa de buscar ajuda, de estabelecer redes. Citando mais um provérbio, puxo aqui a sabedoria da velha África. Lá existe um aforismo que diz algo assim: aquele que acha que não precisa da ajuda de nenhum sócio, mais cedo ou mais tarde vai compreender que tem um bobo como sócio.